O que esperar. Começou o Campeonato Brasileiro e é natural que quem acompanha a competição projete a participação do seu time ou do principal rival, num exercício inevitável de prever favoritismos. Dentro desta lógica, o Inter, pelo grupo que montou, pode ser incluído como um dos candidatos ao título. Tem elenco para isso, com alternativas qualificadas na maioria das posições, tem um comando técnico interessante, ainda que falhe eventualmente e talvez seja superdimensionado. É possível que lhe falte condicionamento e preparação mental, capacidade anímica de deixar a pressão e o fardo dos anos sem títulos de lado, para lidar com as adversidades inevitáveis. Mas o Inter é um dos candidatos. Junto de Flamengo e Palmeiras, talvez também Atlético MG. Já o Grêmio, dá indícios de que poderá sofrer com o grupo que tem. Não parece ser time para brigar contra o rebaixamento. Mas nem de longe aparenta ser candidato ao título e, sequer à Libertadores, dá indícios de que é um dos principais aspirantes. Porque é um time desequilibrado, de uma defesa envelhecida, exposta e desencaixada (isso há quase 2 anos) que falha e vaza muito; porque tem jogadores menos intensos do que o necessário e sem reposição adequada. E porque falta alguma qualidade técnica. Pode surpreender, especialmente se chegarem reforços. Mas a julgar pelo que se observa no início da competição, é time para o meio da tabela. Já o Juventude, o terceiro gaúcho no Brasileirão, tem um campeonato muito claro pela frente: seu título será permanecer na elite.
Estreia colorada. O Inter estreou vencendo o Bahia de virada, em casa. Fez um primeiro tempo muito ruim, em que se repetiram os principais problemas que atormentam o torcedor desde a eliminação diante do Juventude, no Gauchão. Um time sem criatividade e sem soluções, com pouca construção e baixa intensidade, baixa entrega competitiva. Exatamente assim, viu uma primeira etapa de quase nenhuma agressividade e de um adversário confortável e à vontade em campo. Mas no segundo tempo o técnico Eduardo Coudet mexeu no time. Mudou a defesa, mudou a abertura de meio campo e tornou o ataque mais rápido e mais agudo. A equipe cresceu, passou a jogar mais verticalmente, a agredir o adversário e mesmo saindo atrás, buscou a virada. Uma vitória importante, especialmente se ela representar a virada de chave que deixa pra trás a oscilação e retoma o desempenho do início do ano.
Destaques individuais. Em um time que teve problemas coletivos no primeiro tempo e que cresceu no segundo, duas individualidades se destacaram. Fernando, que começou – e bem – na zaga e passou à primeira função do meio campo, com posicionamento adequado e passe muito qualificado. E Wesley que entrou e tornou o time mais leve, mais rápido e mais agudo, com iniciativa e vitória pessoal.
Estreia gremista. O Grêmio que estreou no Brasileirão repetiu os jogos muito ruins que marcaram seu início e complicaram sua sequência na
Libertadores. O Grêmio, depois do título gaúcho, voltou a ser um time com uma defesa aberta, exposta, desencaixada e frouxa. Um time cujo meio campo marca muito pouco e se posiciona mal. Um time que, quando o Cristaldo se apaga, não consegue construir. E de um ataque desabastecido. Para completar preocupa a visível queda de rendimento físico do time (tanto mais preocupante para quem olha o calendário e a quantidade de jogos, com pouco intervalo, pela frente). E, logicamente, as escolhas do Renato, algumas delas uma insistência teimosa e incompreensível. O Grêmio terá, sim, problemas pela frente se não agregar reforços. E se não lidar melhor com o que tem. Porque se o que tem não é suficiente, se for mal utilizado renderá ainda menos.
Individualidades. Num jogo pavoroso, com derrota diante de um adversário muito frágil, muito remotamente se pode ver no Gustavo Martins, que entrou no lugar do Kanemann, algum destaque. E ainda assim com boa vontade. Os demais, sucumbiram. Alguns de forma preocupante.
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