Política

“Nós achávamos que não tinha problema atender o agricultor mais humilde, mesmo não estando inscrito”, diz Schneiders

Publicado em: 15 de maio de 2020 às 13:44 Atualizado em: 22 de fevereiro de 2024 às 09:41
  • Por
    Luiza Adorna
  • Fonte
    Portal Arauto
  • Foto: Jacson Miguel Stulp/Assessoria de Imprensa
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    Vereador, denunciado pelo MP, falou sobre as acusações de prestações de serviços irregulares na Secretaria de Agricultura

    A Comissão Parlamentar Processante (CPP) que analisa a conduta de Elo Ari Schneiders (PSD), denunciado pelo Ministério Público (MP) por uma série de irregularidades praticadas na Câmara e na Secretaria de Agricultura, encerrou a fase de oitivas na tarde desta sexta-feira (15). Schneiders foi a última das 47 testemunhas a depor no processo que pode resultar na cassação de seu mandato como vereador. O depoimento durou mais de duas horas e meia.

    Uma das denúncias do MP, inclui um esquema de captação de salários de servidores da Câmara, a popular rachadinha. Questionado sobre a prática, o parlamentar disse que se mostrou surpreso e decepcionado com as acusações feitas pelos ex-servidores que atuavam com ele. "Quando essas pessoas conseguem cargos, que são temporários, e depois são demitidas por não apresentarem qualificação ou porque terminou o período, elas são influenciadas por pessoas de má fé a ir denunciar quem sempre se preocupou em trabalhar pelas comunidades. Eu só lamento por essas pessoas que ao invés de se preocupar em prestar um bom serviço, querem atingir quem sempre está a disposição das comunidades", ressaltou.

    Quanto as prestações de serviços de forma irregular para agricultores no período em que esteve a frente da Secretaria de Agricultura, Schneiders explicou como funcionavam os pedidos de máquinas nas localidades. "Esses pedidos são diários e nem sempre tu consegue atender todos. Mas existem as emergências e por isso, dentro do possível, sempre tentamos fazer o melhor. Então quando uma máquina ia para uma certa região atender o produtor inscrito, acontecia de um agricultor mais humilde que mora ao lado pedir um servicinho rápido. Como muitas vezes as máquinas demoravam a voltar nesses locais porque era longe, os servidores me ligavam e eu autorizava", esclareceu.

    Schneiders ainda explicou que, mesmo o produtor não estando inscrito, o operador da máquina era orientado a tirar uma ordem de serviço, com as horas trabalhadas e o preço, para que quando o agricultor viesse ao Centro, fosse realizar o pagamento na Secretaria de Agricultura. "Nós achávamos que não tinha problema atender o agricultor mais humilde, sendo que ele assinava a ordem e pagava depois. Isso não é política. Nunca se dá nada troca de voto", afirmou.

    Em relação ao uso da máquina pública para fins particulares e entrega de materiais como cargas de areia e brita, o vereador disse que parte desses materiais foram investidos em obras da pasta da agricultura como feiras rurais, agroindústria de aipim, abatedouro de peixes e entreposto de ovos, além da manutenção da granja. Quanto aos agricultores ou comunidades que receberam materiais, Schneiders disse que a maioria foram comprados com recursos próprios e outros, era por algum caso de emergência. "Às vezes, com uma carguinha de areia que eu pagava, a familia conseguia se estruturar para trabalhar melhor na sua propriedade. Me orgulho e me sinto bem quando posso estender a mão. Sobre as comunidades que atendemos, não foi de maneira nenhuma pra se beneficiar. Posso ter errado, mas tem momentos que não tem como dizer não", disse. Apesas dos esclarecimentos, o vereador negou diversas negociações com produtores durante interceptações telefônicas.