Tempo do Epa

  • Por
    Carolina Almeida
  • Tempo do Epa

    A pequena lousa e o desafio da educação

    Publicado em: 14 de junho de 2024 às 09:59 Atualizado em: 14 de junho de 2024 às 10:28
    LOUSA INDIVIDUAL ERA USADA COMO CADERNO | GRUPO ARAUTO
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    Imagina um tempo sem as páginas do caderno? No pequeno quadro, escrever, memorizar e apagar o conteúdo passado pelo professor era comum

    Sabemos que falar em educação é falar em desafios. Em qualquer tempo, eles se renovam. Se hoje, nós, pais, nos deparamos com as dificuldades de atrair a atenção dos nossos filhos por causa da tentadora tela do celular, em outros tempos também existiam obstáculos, mas pela limitação de materiais de estudo. A pequena lousa me serve de perfeito exemplo. Essas que ilustram a foto, registrei no nosso museu vera-cruzense, localizado na Casa de Cultura. A doação ao acervo foi de Armindo Martin, da localidade de Ferraz.

    Fazendo algumas pesquisas, li que há registros de que no século 18 alunos já usavam lousas de ardósia, uma rocha derivada da argila. Nessa época, cada aluno tinha essa mini lousa individual, um giz e um paninho para apagar os escritos. O papel e a tinta eram caros e escassos em comparação com as placas e madeira, que eram abundantes e baratas. Sei que meu pai usou uma dessas. O negócio era anotar o que o professor ensinava e memorizar antes de apagar tudo para voltar a escrever, afinal, a lousa é realmente pequena, do tamanho de um caderno. Só depois veio a lousa grande, na parede, para o professor passar a lição.

    Apesar de não ser algo estranho para as novas gerações, visualizar os cadernos de antigamente, a mim, também é um deleite. Na Casa de Cultura há alguns deles, com letra tão desenhada que dá gosto de ver. São cadernos de 1928 e 1932, intactos, e entre as páginas, um papel de seda protege as folhas caprichosamente escritas. Hoje, as aulas de caligrafia ainda estão presentes para exigir capricho das nossas crianças, o que também tinha no meu tempo. Confesso que gosto de ver as mudanças, evoluções e transformações pelas quais tudo passa, mas algumas lições permanecem. E outras  ficam na memória… e no museu.