“Foi um dia muito diferente, como mãe me coloquei no lugar de cada uma delas, e tentei passar um pouco de alento em forma de um abraço bem apertado.” O relato é da vera-cruzense Ana Cristina Baierle, que capitaneou uma dentre várias iniciativas que se espalharam entre os municípios atingidos pela enchente. Mais de 80 kits foram montados com doações de voluntários, entregues no fim de semana e nesta segunda-feira em Vera Cruz, explica a chefe de gabinete Larissa Franke, e outros tantos confeccionados pelos voluntários têm sido levados para a Rebentona, completa Daiane Ellwanger. O propósito é levar carinho para as mães que tanto perderam e que tanto sofreram com esta chuvarada. E por ironia do destino, o fim de semana de Dia das Mães foi marcado por muita chuva, com vários pontos de alagamento… de novo.

Foi com a ajuda de diversos amigos que Ana conseguiu viabilizar a montagem de 25 cestas repletas de delícias e flores para marcar o Dia das Mães. Foram entregues em casas no bairro Bom Jesus, na Linha Borges de Medeiros e no Guidão. “Senti um misto de tristeza e alegria.
Ouvi de muitas: ‘que bom que tu nos trouxe um pouco de alegria hoje’”, confessa.

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Foi o que aconteceu ao presentear a agricultora Andreia Helfer, 41 anos, no Bom Jesus. “É um dia das mães diferente, mas temos que ser gratos por termos uns aos outros, vivos e bem. A água entrou acima da cabeça na casa da minha mãe, mas limpamos tudo e agora estamos aqui para celebrar da forma que for possível”, disse ela. Sua mãe, Marlise Lange, 65 anos, também estava ali para agradecer, apesar da chuva que caía do lado de fora. “Foi difícil, mas temos que agradecer muito aos voluntários, a quem doou. Perdi muita coisa, mas já tenho muito de volta por conta de doações. Foram muitas e graças a elas estamos aqui hoje. Receber a cesta foi uma surpresa, não esperava, mas é um gesto muito bonito. Graças a Deus existem pessoas assim no mundo”, completou Marlise Lange.

Enquanto recebia a visita e o presente inesperado no domingo, Andreia também contou sobre o salvamento da mãe durante a enchente, cena inesquecível: “tentamos acessar com o carro na terça, mas não foi possível. Tentamos a pé e a correnteza da água não permitiu. Graças a Deus, no fim, deu tudo certo e o resgate foi feito. Ela passou a semana na minha casa e quando a água abaixou fomos limpar a casa dela. Perdemos muita coisa, mas a nossa santinha (imagem de Nossa Senhora Aparecida) estava de pé, em cima da mesa”, recorda. Ainda que as lembranças sejam dolorosas pelos prejuízos, a vida é celebrada. E isso ganhou ainda mais sentido entre mãe e filha.

Presentes que acolhem

O carinho foi estendido nesta segunda-feira, com mais entregas entre os voluntários e servidores da Prefeitura. Em Entre Rios, a monitora do programa Primeira Infância Melhor (PIM) e supervisora do Criança Feliz, Jovana de Carvalho, distribuiu junto da Comunidade Santa Terezinha, que acolhe famílias desabrigadas. A agricultora Maria Jaqueline Padilha mora na localidade, mas está desalojada desde a terça-feira que começou a enchente. “Queria voltar, mas este fim de semana voltou a subir”, disse ela, que deixou tudo dentro de casa e só saiu com uma mudinha de roupa. Junto do esposo, da filha e do genro, ela é grata pela doação de roupa, calçados, roupa de cama. “Agora preciso das coisas pra casa”, disse. Mas nesta segunda, o presentinho recebido foi para alegrar a vida da mamãe e trazer cor e vida aos dias que têm sido tão cinzentos.