Frase bem comum no cinema, aqui usamos para destacar que as crianças também podem - e vão - se apropriar daquilo que os adultos falam, entendendo ou não o real significado do que reproduzem. Portanto, fique atento às 'palavras' que pronuncia.
Estava eu lembrando-me de um episódio relacionado às palavras. Quando a Amanda tinha por volta de 3 anos, certo dia voltou para casa dizendo que a profe havia chamado a atenção de um coleguinha porque ele estava falando “palavra”. “Falar ‘palavra’ é muito feio, né mãe?”.
Ah, os palavrões e as palavrinhas. Atire a primeira pedra quem nunca proferiu algum depois de bater o dedinho do pé na quina do móvel, levar uma fechada no trânsito, e daí por diante. Lave a boca com sabão quem nunca soltou um “mas que mer#$” ou coisa pior.
Em casa e em família, não temos – felizmente – o hábito de ficar xingando e esbravejando usando ‘palavras’, como disse a pequena. Mas a expressão “que saco”, naquela época eu usava bastante. E, vamos combinar, não é nada bonita de ficar repetindo por aí.
Sabe como me dei conta naquela oportunidade? Ela começou a repetir, exatamente como eu, sussurrando, bem baixinho.
Num primeiro momento a gente até acha graça, imagina um toquinho de gente xingando. Mesmo que não saiba exatamente o que isso quer dizer. Então, com ela, orientamos que não era bonito ficar repetindo. Pronto, ela entendeu. Pronto, a cada vez que escapava sem querer, eu era repreendida por ela. Justíssimo.
Pois bem, não importa se a família tem o hábito de usar palavrões ou se a criança escuta estas expressões em outro lugar, especialistas dizem que será apenas a partir dos 8 anos que ela vai começar a entender o real sentido que eles carregam. Antes disso, há grandes chances de elas simplesmente repetirem atribuindo um significado errado.
Por isso, sempre que possível, tente explicar o sentido correto das palavras, dentro do nível de entendimento do seu filho. Seja sucinto e claro, sem ficar tentando dar muitos detalhes.
Além disso, dê o exemplo. Não fale palavrões se não quer que seu filho os repita. Sim, eu já parei de dizer “que saco” há um bom tempo.
É importante também segurar o riso, porque sim, pode ser engraçado. Mas rir pode estimular a criança a ficar repetindo. Se o adulto não der importância, não ligar, a criança se cansará de falar e aos poucos vai perdendo o hábito.
Explicar que é ofensivo também é importante, pois xingamentos podem magoar as pessoas. Faça o exercício da empatia. Quem não quer ser ofendido também não pode ofender o outro.
Falando em sentimentos, é possível oferecer alternativas, ajudando a criança a expressar a raiva ou o descontentamento de outras maneiras mais educadas – e até divertidas. Por exemplo, se a criança ficar nervosa com um brinquedo que não está funcionando, ao invés de falar “ai que b#$%@ de carrinho”, dê opções: ai, raios, oh céus, mas que porcaria. Com alternativas engraçadas, há mais chances de seu filho deixar os palavrões de lado.
Lembro da alternativa criativa da minha mãe, muitas e muitas vezes repetida (fecho os olhos e posso ouvir o xingamento). “Josca triste!” Que raios é josca triste eu jamais soube com exatidão, embora possa imaginar. Outra estratégia da dona Elenis na nossa educação era mais clássica: “vou lavar a sua boca com água e sabão”.
Nunca precisei, mas vai que funciona.
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