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Força-tarefa interdita Frigorífico Kroth por riscos graves em Venâncio Aires

Publicado em: 13 de junho de 2019 às 19:29 Atualizado em: 21 de fevereiro de 2024 às 12:13
  • Por
    Kethlin Nadine Meurer
  • Fonte
    Ministério Público do Trabalho
  • Foto: Ministério Público do Trabalho/ Divulgação
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    Foram identificados 224 acidentes de trabalho não notificados pela indústria

    O frigorífico Kroth (Família Kroth Indústria e Comércio de Carnes Ltda.), de Venâncio Aires, recebeu, nesta quinta-feira (13), termo de interdição imediata de 17 máquinas, setores e serviços, acompanhado de laudo técnico (total de 41 páginas), devido à condição de grave e iminente risco à saúde e à integridade física dos 353 trabalhadores. A interdição paralisa a fábrica, que foi autorizada a terminar o processamento dos animais já dentro da planta. A empresa também recebeu relatório de inspeção do Ministério Público do Trabalho (MPT).

    Chamou atenção o fato deterem sido identificados 224 acidentes de trabalho não notificados pela indústria. A interdição, pela Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do Ministério da Economia (ME), e a proposição de termo de ajuste de conduta (TAC) com indenização por dano moral coletivo, pelo MPT, resultam da 53ª operação da força-tarefa estadual dos frigoríficos gaúchos, realizada de segunda até esta quinta-feira. A equipe foi recebida pelos sócios-proprietários Silvano Kroth e Fábio Kroth, além do engenheiro de segurança do Trabalho, Lúcio Kroth. A empresa abate 291 bovinos por dia. Os setores de abate e desossa operam das 5h45min às 15h30min, o quarteio das 13h às 20h30min e a desossa (2º turno) e a expedição das 16h30min às 2h.

    O termo de interdição, seguido do laudo técnico da SIT, informa que foram interditados uma máquina de lavar, duas centrifugadoras de roupas, uma secadora de roupas, uma centrífuga de carne no setor de abate, uma polidora no setor bucharia suja, uma centrífuga de bucho 60 folhas no setor bucharia suja, uma moedora de carne no setor de desossa, uma misturadora de carne no setor de desossa, uma serra de carcaça no setor de abate, uma serra do dianteiro no setor de quarteio, transportadores contínuos helicoidais, de materiais (roscas sem fim), setores caracterizados como espaços confinados – serviços de entrada e de permanência nesses espaços, duas serras fitas nos setores desossa e bucharia suja, serviços envolvendo trabalho em altura no setor de limpeza de caminhões, montagem de caixas e nos acessos aos setores de subestação elétrica, forro (piso técnico), silo de farinha na Graxaria, serviços / atividades de movimentação de cargas nos diversos setores, atividade de movimentação de cargas com paleteiras manuais e setor de bucharia suja.

    Irregularidades em todos os setores

     O relatório de inspeção do MPT indicou irregularidades em todos os setores da produção, dos currais à expedição. A procuradora Priscila Dibi Schvarcz e coordenadora do Projeto de Adequação das Condições de Trabalho em Frigoríficos do Rio Grande do Sul e lotada em Passo Fundo, informa que, da análise dos prontuários médicos, verificou-se que não há indicação das situações ocorridas com os trabalhadores, de forma a viabilizar a verificação das causas dos agravos ocorridos, na medida em que nem mesmo os agravos que não possuem relação com o trabalho são esclarecidos; não há afastamento expresso do nexo causal nos adoecimentos que possuem nexo técnico epidemiológico com  atividade econômica da empresa, sendo, pois, devida a emissão de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) em todos os casos cujo afastamento não ocorreu; há flagrante subnotificação de acidentes de trabalho na empresa, conforme já avaliado, na medida em que sequer acidentes típicos são notificados; não há a adoção de quaisquer medidas por parte da empresa com vistas a reduzir o agravamento dos adoecimentos verificados, tais como: afastamentos, mudança de função, etc.; não há gestão em saúde na empresa, tampouco atividade prevencionista, já que o instrumental epidemiológico não é avaliado ou estudado de forma a embasar a adoção de medidas por arte da empresa com vistas a evitar a ocorrência de agravos idênticos aos já ocorridos, fato evidenciado, inclusive, por não haver elaboração de Relatório Anual do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) na empresa.