De Olho no Agro

No campo ou na passarela, rainha de Vale do Sol mostra a força da mulher do campo

Publicado em: 13 de abril de 2022 às 10:29 Atualizado em: 03 de março de 2024 às 18:57
  • Por
    Ricardo Luis Gais
  • Fonte
    Portal Arauto
  • Foto: Ricardo Gais/Portal Arauto
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    Marieli Müller tem paixão pelo meio rural e é uma grande incentivadora da permanência do jovem na agricultura

    Marieli Elena Müller, de 26 anos, uniu o seu sonho de ser soberana de Vale do Sol com uma de suas maiores paixões: o campo. A rainha do Município, formada em História, quer mostrar que esse posto vai muito além da beleza, um lindo vestido e uma bela coroa. Ela, com sua simplicidade, engajamento com o lugar onde vive e amor pelo meio rural quer demonstrar que o mundo de rainha é para todas as mulheres, seja do meio rural ou urbano.

    Seu reinado iniciou em 2019 e seguirá até 2023, quando ocorre novamente a Feirasol, adiada devido à pandemia de Covid-19. E mesmo integrando o trio de soberanas e representando sua cidade em todos os cantos do Rio Grande do Sul em festas e grandes eventos, a menina simples, da localidade de Linha Riopardense, acostumada com a vida tranquila do interior, segue ajudando seus pais na lavoura nos afazeres de casa e no cuidado dos animais. Ela também é vice-tesoureira do Sindicato Rural, engajada no Grupo de Jovens e Mulheres do Município. 

    Questionada, a rainha deixa bem claro que ela é a Marieli agricultora, a mulher que trabalha na roça, que ajuda os pais, ajuda na colheita do tabaco. A jovem também destaca que carrega consigo o seu jeito simples e que não tratou o concurso como uma competição de beleza, mas sim de união entre todas as onze candidatas. “Uma menina como eu, do interior, não sabia nem como me comportar em cima de uma passarela, por isso fui eu mesma, pois quando tu levas o ser simples contigo, tu não tem medo, por isso temos que ser quem somos”.

    Após ser coroada rainha do Município, ao lado de suas princesas Thainá Beling e Fernanda Quoos, Marieli lembrou que a partir de então muitas tarefas ao longo da semana se acumularam, trazendo a necessidade de conciliação do trabalho, estudo e atividades das soberanas. “Muitas vezes não é fácil conciliar tudo, pois tu chega tarde em casa e não descansa direito, não tem tempo para conversar com os pais e fica mais difícil ajudar em casa. Porém, quando se faz o que gosta, isso não cansa e eu estou aprendendo e me divertindo. E o mais importante de tudo isso, é ter a oportunidade de mostrar que as pessoas do campo também podem participar de um concurso”, elencou.

    Engajamento na propriedade vem desde pequena

    A principal fonte de renda da família é o tabaco, mas atuam também na produção de milho e criação de gado. Primeira filha de Ilgo e Liane Kipper Müller, a jovem desde pequena tinha o interesse em ajudar na lavoura e tarefas de casa. “Agora ela está mais envolvida com outras tarefas, mas nos finais de semana ou feriados ela sempre ajuda em casa, cuida as flores, corta a grama e sempre nos traz novidades para implementarmos no campo, do que fazer, o que melhorar e quais as tecnologias que podemos colocar em prática aqui”, contou o pai.

    O pai lembrou quando Marieli contou a eles sobre concorrer à soberana. “Em um primeiro momento eu não sabia muito o que dizer, mas demos o nosso apoio e, inclusive eu ajudei ela em uma das tarefas do concurso que foi produzir uma horta orgânica”.

    A mãe contou que algumas pessoas falaram para ela que só gurias da cidade entrariam no trio e que as "gurias do interior" não teriam chances. “Quando ela ganhou foi um orgulho pra gente. É bom alguém do interior entrar, para quebrar esse tabu. Inclusive depois do concurso, por onde eu passava o pessoal comentava: lá vem a mãe da rainha”, lembra com alegria.

    E mesmo com a rotina de soberana, percorrendo diversas cidades do Estado e outras realidade, Marieli tem certeza que o campo, lugar que marca o seu passado e presente, também é o futuro. “Eu tive incentivo para estudar, tive o que a gente aprende em casa como o que plantar em cada fase da lua, por exemplo. E essa troca de experiências entre o que se aprende em cursos, famílias e amigos que fazem a gente permanecer no campo e ver um futuro aqui. Meu sonho hoje é seguir aqui e dar continuidade ao que meus pais fazem”, finalizou.