Esportes

Jaque Weber está na corrida pelo ouro

Publicado em: 12 de junho de 2023 às 17:46 Atualizado em: 08 de março de 2024 às 16:39
  • Por
    Guilherme Bender
  • Fonte
    Jornal Arauto
  • FOTO OSCAR MUÑOZ BADILLA / FEDACHI
    compartilhe essa matéria

    Dentre sacrifícios pessoais e físicos, a velocista gaúcha acumula conquistas e projeta ir ainda mais longe

    A o longo dos séculos, a história na humanidade sempre foi cercada pela “Febre do Ouro”. Desde os luxuosos egípcios até os incas e os astecas, todos os povos tiveram sonhos dourados. Enquanto os americanos desbravaram o oeste dos Estados Unidos no século XIX em busca do metal precioso, a velocista teutoniense Jaqueline Weber, de 28 anos, viaja o mundo em busca de sua ambição. Ao contrário dos garimpeiros, a  “corrida pelo ouro” da atleta não se centra na busca pela riqueza, mas sim, de marcar seu nome nos livros do esporte pelos Jogos Olímpicos. 

    O inicío de tudo

    Jaque estudou na escola particular Colégio Teutônia, na cidade onde nasceu. Com um contraturno que oferecia diversas atividades extracurriculares, ela aproveitou tudo que estava disponível para seu aprendizado. “Fiz danças, joguei vôlei, futebol, curso de inglês, coral e, claro, o atletismo”, relata. 

    A paixão pelas pistas de corrida veio aos 10 anos, numa escolinha de atletismo. “Aos poucos esta brincadeira foi se tornando mais séria. Logo comecei a desempenhar bons resultados nas competições escolares. Ainda quando estava na escola fui a primeira medalhistas em um campeonato nacional e representei a Seleção Brasileira em 2012.”

    A chegada em Santa Cruz do Sul foi motivada, justamente, pela sua grande performance nas pistas. Jorge Peçanha, ex-treinador de atletismo da Unisc falecido em 2022, convidou Jaque para morar na Terra da Oktoberfest com uma bolsa da faculdade. “Assim, sempre aliei o esporte com os estudos. Até porque a carreira de atleta é curta, cerca de um terço da vida e depois temos que seguir em outras profissões”, frisou a atleta.

    Preparo

    A rotina de uma atleta de alto nível é longe de ser fácil. Com 18 anos de atletismo na carreira e cerca de 10 na alta performance, Jaque conta que o preparo se baseia nos ciclos olímpicos e conforme as temporadas avançam no ano. “Normalmente o trabalho de base começa em novembro, para competir entre os meses de maio e agosto.” explica. 

    São cerca de 10 a 12 treinos por semana, com 70 a 80 quilômetros percorridos. “São diferentes tipos de treinos, têm os de pista, de rodagem, de velocidade, em subida, salto, em estrada de chão e também de força, na academia”, salienta. 

    O planejamento a longo prazo, de acordo com Jaque, é executado no dia a dia e vai além das atividades físicas. Questões como ao menos oito horas de sono diárias, fisioterapia e massoterapia também são importantes. Outro tópico que não pode ser descartado em hipótese alguma é a alimentação, muito regrada tanto nos dias de semana quando nos finais de semana. “É uma vida voltada para o esporte. Quando me convidam para sair, geralmente não saio. Abrimos mão de muita coisa, temos períodos fora de casa, longe da família”, frisou a velocista, que passou os últimos 30 dias em competições na Europa.

    Medalha no peito

    As conquistas mais importantes da carreira, segundo Jaque, vieram em 2022. Dentre elas está a prata pela Seleção Brasileira nos 800 metros dos Jogos Sul-Americanos. Ainda, na mesma competição, veio o bronze nos 1.500 metros. 

    No demais, são oito medalhas no Troféu Brasil, 10 em jogos universitários brasileiros, um recorde no país, e 14 nas categorias de base. “Espero em breve escrever um novo capítulo. Fui muito bem na Europa em grandes circuitos, inclusive com a quebra de recordes gaúchos”, projeta.

    Por falar em metas, um atleta não cansa de traçá-las e batê-las o que, em contradição, não o deixa aproveitar suas próprias conquistas. “Esta sede por novos resultados faz com que o tempo para curtir seja muito pequeno”, conta Jaque. Para 2023, a meta é conquistar medalhas para o Brasil nos Jogos Pan-Americanos. Para 2024, os Jogos Olímpicos de Paris. “É o maior objetivo da minha vida, meu grande sonho”, destaca.

    Para ela, inclusive, levar a bandeira do Brasil mundo a fora é um grande privilégio. “Carrego comigo o nome do meu clube e dos meus patrocinadores, meus alicerces. Se não fosse eles, dificilmente estaria onde estou. Me sinto honrada. Vestir a camisa do Brasil e de milhões de pessoas também é uma honra e sei que sou um espelho para a nova geração de atletas e para toda sociedade”, complementa Jaque.