Nos primeiros posicionamentos públicos, o novo pontífice pediu foco em Gaza e na libertação de jornalistas
A eleição do cardeal Robert Francis Prevost como Papa Leão XIV representa, segundo o professor Edison Botelho, uma continuidade na linha humanitária adotada por seu antecessor, Papa Francisco. Subcoordenador do curso de Direito da Unisc e professor de Direito Internacional, Botelho avalia que o novo pontífice já demonstra intenção de manter o foco nos direitos humanos, nas causas sociais e na mediação de conflitos globais.
De acordo com o professor, a Igreja Católica tem passado por uma transformação em seu papel geopolítico. Se antes esteve profundamente vinculada à estrutura do poder político — com papas coroando reis e controlando registros de nascimento, casamento e morte — hoje atua mais como voz ética diante das desigualdades e dos conflitos contemporâneos.
Segundo Botelho, Leão XIV, ao adotar esse nome, remete diretamente à figura de Leão XIII, conhecido por sua encíclica Rerum Novarum, que inaugurou a Doutrina Social da Igreja em defesa dos trabalhadores no final do século XIX. “A gente não está falando de um momento em que a democracia ela é pungente, pelo contrário, quem votava naquela época era muito mais quem tinha dinheiro do que o trabalhador. Então, mostra a coragem de Leão XIII e mostra, talvez, o caminho pelo qual o Leão XIV está apontando”, explica.
Entre os primeiros posicionamentos públicos, o novo pontífice pediu atenção à situação humanitária na Faixa de Gaza e à libertação de jornalistas presos. O professor vê nessas declarações um reforço da missão ética da igreja. “Quando tem jornalistas apresentando fatos e sendo presos por isso, você está numa situação voltada para o interesse do poder, não da população. A existência do poder deveria ser atender a população e não atender a classe dirigente, as forças políticas que estão mantendo aquele Estado“, afirma.
O professor lembra que o Papa Francisco já havia se destacado por sua atuação voltada aos vulneráveis, à população LGBTQIA+, às vítimas do racismo e aos pobres. A expectativa é que Leão XIV siga o mesmo caminho. Botelho ressalta que a Igreja Católica, com sua estrutura milenar e capilarizada no mundo todo, tem capacidade de influenciar decisões políticas e fortalecer valores éticos em sociedades marcadas pela dominação dos interesses econômicos.
“As instituições são falíveis porque são conduzidas por seres humanos. A grande questão é quais são os fundamentos éticos que cada uma traz e se realmente proporcionam para a humanidade dignidade e avanço ético“, aponta. “O papa vem para posicionar a Igreja Católica no sentido mais humano. A história não funciona em 365 dias, funciona em décadas. Por exemplo, a gente tem coisas da Segunda Guerra que não foram resolvidas ainda. O fascismo e o nazismo estão aí ainda, isso não vai se resolver com o Leão XIV, mas mantém uma rota que o Papa Francisco ajudou a alinhar“, completa.
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