É Dia das Mães. Permita-me compartilhar uma saudade, uma lembrança, uma memória.
Desde que me lembro existir, os domingos lá em casa tinham cheiro de churrasco. Era sagrado, assim como a salada de maionese. Podia chover, fazer sol, ser verão ou inverno – o fogo se acendia, a carne assava devagar, a família se reunia ao redor da mesa com risadas, conversas e aquele acolhimento por vezes silencioso que só quem tem laços fortes entende.
E quando o domingo era de festa, como o Dia das Mães, tudo parecia ainda mais mágico. Tinha ternura no ar, saladas especiais na mesa, flores no canto da sala dedicadas a ela – cravos, suas preferidas – e um carinho redobrado que transbordava nos gestos mais simples. Minha mãe era o centro de tudo. Com sua presença alegre e firme, ela fazia com que todos se sentissem amados. E meu pai, com sua alegria e seu cuidado genuíno, mantinha a tradição viva, garantindo que a família estivesse sempre junta, sempre perto. Que belo casal formavam. Não perfeitos, mas verdadeiros.
Perdi minha mãe em 2020. Desde então, os domingos ficaram mais silenciosos, e o Dia das Mães passou a ter um significado diferente. Mas meu pai, com sua força e generosidade, continuou reunindo a família. O churrasco seguia como uma homenagem discreta à presença dela — e à ausência também. Era o jeito dele de manter viva a memória, de manter todos nós unidos.
Há pouco mais de dois meses, perdi também meu pai. Este será o meu primeiro Dia das Mães sem eles. E, ainda assim, meu coração não está triste. Está cheio de gratidão. Gratidão profunda por ter tido uma mãe e um pai que me ensinaram, na prática, o que é amor, respeito, presença. Eles me deixaram uma saudade que não cabe no peito, mas também a melhor herança que alguém pode ter: memórias felizes, cheias de vida, cheias de sentido.
Hoje, tenho a minha filha ao meu lado. É por ela que continuamos acendendo o fogo do churrasco aos domingos. É por ela que sigo com a tradição, para que um dia ela também olhe para trás e sinta, no coração, este calor que vem das pequenas rotinas recheadas de amor.
Neste Dia das Mães, celebro em oração a minha mãe, celebro meu pai, celebro a família que construíram junto de meus irmãos e celebro a chance de manter este legado vivo. Celebro também todas as mães que posso abraçar, que seguem espalhando cuidado pelo mundo com a sua presença.
Porque no fim das contas, a vida é isso: o que a gente constrói no coração uns dos outros. E os almoços de domingo sempre foram o nosso jeito mais bonito de dizer “eu te amo”.
Feliz domingo das mães.
Notícias relacionadas

Das coisas que a gente guarda
Você tem um inventário das lembranças que guarda? Uma caixa recheada de saudosismo, revisitada vez e outra? É uma prática bem comum, especialmente das mães. Objetos que despertam a memória afetiva.

Por Daiana Theisen

O Coelho ainda vem aí, sim!
Viver a tradição de Páscoa não tem idade, ela atravessa gerações. As celebrações fazem muito mais sentido quando são compartilhadas e por isso devem ser sempre ser incentivadas.

Por Daiana Theisen

E a paciência, cadê?
Diariamente somos desafiados a entregar o nosso melhor pelos nossos filhos. Cansativo? Sem dúvida, mas é a mais recompensadora das tarefas.

Por Daiana Theisen

A evolução das bonecas
Minha mãe criava suas próprias bonecas, eu desejei e ganhei a minha boneca bebê e a minha Barbie e minha filha tem um aglomerado delas em seu quarto. Em três gerações, quanta coisa mudou.
