Região

Uma história de 32 anos dedicados ao interior de Santa Cruz do Sul e à Brigada Militar

Publicado em: 10 de abril de 2018 às 20:19 Atualizado em: 20 de fevereiro de 2024 às 08:48
  • Por
    Kethlin Nadine Meurer
  • Fonte
    Portal Arauto
  • Foto: Arquivo Pessoal/ Divulgação
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    Em função da aposentadoria, sargento Edson Sortica se despediu da Brigada Militar de Monte Alverne

    Quando se pensa em segurança pública em Monte Alverne, difícil alguém não lembrar do sargento Edson Sortica.

    Não é à toa que o nome dele é lembrado, afinal, foram 19 anos na Brigada Militar dedicados apenas ao interior de Santa Cruz do Sul, sendo atendidas mais de dez localidades, entre elas Quarta Linha Nova Alta e Baixa, São Martinho, Alto São Martinho, Linha Antão. Além disso, ocorrências pertencentes a uma parte de Venâncio Aires também eram atendidas, como as de Centro Linha Brasil, Linha Antão e Linha Marechal Floriano.

    Na semana passada, o Sortica, como muitos o chamam, encerrou a trajetória na área da segurança pública por ter se aposentado. Agora, irá se dedicar a projetos pessoais. Entrou na Brigada Militar em 26 de março de 1991 e, em outubro do mesmo ano, passou a trabalhar em Santa Cruz do Sul. Foi em agosto de 1999 que começou a escrever uma história no Posto da Brigada Militar localizado em Monte Alverne, terceiro distrito de Santa Cruz do Sul, onde passou a morar. Ao todo, são 32 anos de serviço na área da segurança pública.

    E AGORA, COMO FICA?

    Segundo o comandante da 1ª e 2ª Cia do 23º Batalhão da Brigada Militar, com Sede em Santa Cruz do Sul, Capitão Rafael Carvalho Menezes, ainda não há um policial específico designado para atuar no lugar do sargento Sortica, mas, desde semana passada, diariamente um policial é escalado para atender Monte Alverne e região.

    A ideia é colocar alguém específico, mas salienta que primeiro é preciso designar um policial com perfil para trabalhar no interior. “O posto em Monte Alverne é muito importante. São diversos moradores no local e arredores, com todo o desenvolvimento do local, que carece da presença do Estado”, comenta. Além disso, ressalta a relevância do serviço realizado durante todos esses anos: “O trabalho do Sortica ao longo dos anos foi de extrema relevância. Muito bem representou a Brigada Militar em todas as vezes que a comunidade necessitou. Sempre foi um policial dedicado e entusiasmado com a profissão”.

    MUITO MAIS QUE BRIGADIANO

    Mas Sortica não foi apenas um brigadiano. Durante todos esses anos de trabalho, fez muito mais que isso. “Em alguns momentos tive que ser bombeiro, fiz o monitoramento do nível da água do Arroio Castelhano, um papel da Defesa Civil, auxiliei na busca de corpos e várias outras coisas que vão muito além da minha profissão”, conta sorrindo.

    A vontade de prestar um serviço à comunidade e prezar pela segurança das pessoas é o que fez ele seguir carreira nessa área. No entanto, não nega que os desafios foram muitos e que sair de casa para atender uma ocorrência sem saber se voltaria sempre deixou a filha Ana Carolina Sortica, 15 anos, e a esposa Bruna Vogt, com os corações nas mãos.

    Embora a trajetória não tenha sido apenas de êxitos, Sortica diz deixar a Brigada Militar com a consciência tranquila de que fez o possível para atender a comunidade da melhor forma possível. Um dos principais desafios citados por ele foi conseguir conhecer toda a região para atender as ocorrências e prestar um serviço com mais agilidade e, como consequência, maior qualidade.

    Segundo ele, trabalhar no interior durante tantos anos exige que se tenha uma relação muito próxima com a comunidade. O diferencial dele, inclusive, estava no fato de residir em Monte Alverne, o que possibilita uma proximidade muito maior com a população: “As pessoas me ligavam em qualquer horário e eu sempre tentava ajudar. Qualquer hora eu estava pronto”.

    Receber o reconhecimento da comunidade, também da Brigada Militar e dar-se conta do tamanho da confiança depositada no trabalho dele sempre falou mais alto, principalmente nos momentos em que se questionou se deveria continuar colocando a vida em risco ou não. “O carinho das pessoas, não tem dinheiro que paga", comenta.

    Diante de tudo o que passou e vivenciou nesses anos de profissão, ele carrega consigo o sentimento de missão cumprida. Em meio aos crimes, assaltos, mortes e tantas outras ocorrências, o legado deixado e tantas vidas salvas e protegidas fazem o sargento Edson Sortica acreditar que tudo valeu a pena.

    MOMENTOS MARCANTES

    Durante todos esses anos de serviço, muitos foram os acontecimentos que marcaram a vida do brigadiano, agora aposentado.

    Entre eles, foram os assaltos em 2003 e 2007 ocorridos no banco de Monte Alverne. Outro acontecimento se refere, também, a um assalto a banco em 2009 em Boqueirão do Leão que resultou em confrontos em Linha Brasil.  Foram cinco dias envolvidos em buscas aos nove criminosos responsáveis pelo crime, sendo que dois deles foram mortos, cinco presos e dois fugiram.

    SAIBA MAIS

    Monte Alverne possui um posto da Brigada Militar desde 1992, mas em 2013 foi construída uma nova estrutura na rua principal, Rua Doutor Pedro Eggler. Antes, o posto era localizado em um outro espaço do distrito.