Colunista

Daiana Theisen

Conversa de mãe

Pais e superpoderes

Publicado em: 09 de agosto de 2024 às 19:30 Atualizado em: 29 de outubro de 2024 às 18:45
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Certo seria se todos pudessem crescer tendo a mão do pai para segurar. Às vezes, mãe também é pai, pai é mãe. Mas a verdade é que um completa o outro para juntos formarem a família. Via de regra, mãe é o sentimento e pai a razão (mesmo que em muitos casos seja o contrário). Mas ambos extremamente necessários em qualquer fase da nossa vida.

Domingo é Dia dos Pais. Essas datas, ainda que tenham um forte apelo comercial, mexem com o sentimento e as memórias. Pai é aquela figura forte, o super-herói sem capa, que quando olha sério a gente respeita trancando a respiração. Mas é também aquele que oferece um colo cheio de conforto, talvez um pouco desajeitado no princípio, e um abraço que aquece e conforta, transbordando amor. Pai é porto seguro.

Tenho a felicidade de poder abraçar meu pai neste domingo – e todos os outros dias -, e com ele recordar a infância, retribuir um pouquinho de toda a atenção que ele me deu. Confesso que, da minha mãe, levei algumas leves varadas educativas (das quais não tenho nenhuma mágoa ou trauma, era o modus operandi da época), mas do pai não tenho lembrança de nenhuma chinelada sequer.

E olha que a fama era de ser bravo, sempre sério, muito ocupado com o trabalho e em nos oferecer o necessário, dentro das possibilidades da família.

Por outro lado, lembro das conversas. Quando eu fazia alguma “arte” mais grave, o assunto era com ele. Chamava para o quarto, me sentava na cama e perguntava de maneira bem sisuda o que tinha acontecido. E eu falava, sempre a verdade. Não podia mentir para ele. Aí, ele me explicava, me dizia porque era errado e terminava a conversa em um abraço com a promessa – minha – de não repetir o feito.

Eu voltava para a sala de cabeça baixa, afinal, tinha levado uma lição, mas logo passava.

Ah, meu pai. Como eu gostava de ir encontrá-lo no trabalho, na Indústria de Bebidas Celina, e esperar por ele tomando um refri. Não raras as vezes, levava amigas junto, para usufruir do benefício, pois na época refrigerante era só no almoço de domingo.

Ele sabe o quão importante é, desde sempre. O quanto eu sei do esforço para criar a mim e a meus irmãos dentro de seus princípios, sem nunca nos faltar nada do que necessitávamos. O quanto eu me orgulho de tê-lo como pai e o quanto dele há em mim. Vamos aperfeiçoando as versões, talvez, mas o DNA e a criação que nos foi oferecida refletem naquilo que somos, que nos tornamos.

Hoje, avô, é um doce. A severidade de outrora se manifesta muito raramente. Com o tempo de quem pode curtir os netos, continua preocupado em oferecer aquilo de melhor que pode, desde a refeição até os doces de sobremesa, sem mencionar os mimos e as regalias que só os avós entendem e podem ofertar.

Pensando em tudo isso, vejo que o mais especial superpoder do meu super-herói é a proteção. E você, já parou para pensar no principal poder do seu?

Neste domingo, abrace seu pai com carinho, respeito e gratidão. Beije sua face, ele vai gostar. Seja você, filho, presente e o melhor presente que ele pode ganhar.

Feliz domingo dos pais.

 

Na véspera de Dia dos Pais, a “Conversa de Mãe” em áudio foi com o escritor Pietro Dolci, exatamente sobre ser pai e sobre seu livro PoohPai, contando sobre as experiências para despertar uma conexão mais profunda com a filha.