Pepe Fontanari leva seus sentimentos às telas e às paredes
A arte se manifesta de diferentes formas: na música, no cinema, na poesia, na dança, dentre tantas outras. Uma das mais belas e conhecidas manifestações desta maravilha humana é a pintura. Seja qual tinta for utilizada, ela capta e encanta os olhos de muitos. Contudo, nem sempre os pintores utilizam de pincéis e telas para dar vida às suas obras. Muitas vezes, o necessário é uma lata de spray e uma parede.
O tatuador e artista santa-cruzense Giusepe Fontanari Leite, o Pepe, utiliza da pintura, seja em telas ou em paredes, para expressar seus sentimentos, sua visão de vida e criatividade. E o contato com este tipo de arte vem de muito tempo. “Desde pequeno eu já tive contato com o spray, mas realmente fui ter vivência do grafite e do que ele representa de fato há uns 10 anos”, comenta. Ele salienta, ainda, que a paixão pela arte vem dos pais. O pai, Maurício, é músico e toca violão, além de ter um grande talento para o desenho. A mãe, Isabel, tem aptidão por cerâmica e pintura. “Minha família sempre teve afinidade artística, então houve este estímulo. Quando cheguei na faculdade, logo fui incentivado por colegas e professores a investir na minha arte e a me profissionalizar. Foram dois grandes pilares.”
Referências
As inspirações de Pepe mesclam uma gama variada de outros artistas. “Em algumas pinturas eu me inspiro em Picasso, neste estilo meio cubista, principalmente nos rostos. Também mesclo ele com Os Gêmeos, que é um grupo de grafiteiros, uma escola de grafite, no qual me inspirei em algumas texturas. Eu me inspiro em várias coisas e aglutino tudo. Não há um artista que eu vá e diga que é minha maior fonte de ideias”, avalia. “Ainda acho que preciso criar minha identidade e meu jeito, que ainda está em construção. Já há pessoas que veem meu trabalho e associam a mim, mas ainda acho que falta afunilar isso.”
Ele também é sua própria referência, já que não enxerga sua evolução de forma linear. “Eu continuo melhorando e aprimorando em muitas técnicas, mas às vezes busco as formas, como fiz alguns traços, no Pepe antigo. Faço uma combinações de ideias”, conta.
Significados
Pepe possui a coleção Olhar e Ver, na qual pinta apenas o rosto dos personagens que constituirão o quadro. “A face carrega consigo as expressões. E eu gosto muito disso, da pessoa, da figura humana, é onde os sentimentos são expressados”, comenta. “Eu também procuro deixar um olho aberto e outro fechado, porque assim busco um equilíbrio entre as coisas concretas e lúdicas. Metade está sonhando e metade está acordado.” O artista destaca que pretende, através destes detalhes, exemplificar que nem tudo é concreto, que o mundo é um equilíbrio entre o bem e o mal, o certo e o errado, que todos carregam dentro de si. “Representa a dualidade das personalidades, o bom e o ruim, estarmos felizes, estarmos tristes. Então, busco pintar rostos que não expressem estes sentimentos de forma clara, deixando sempre ambíguo.”
Tratando de sentimentos, contudo, Pepe nota que sua produção muda conforme o humor. “Eu notei recentemente que produzo melhor quando estou triste. Tem pessoas que gostam de pintar alegria, coisas festivas e eu noto que, para mim, ao menos artisticamente falando, está ligado, não necessariamente a algo ruim, mas a alguma melancolia”, salienta. “Expresso através da arte algum sentimento que preciso resolver, pintar para mim é expurgar minha tristeza. Às vezes isso sai através de textos também”, explica.
Planejamento
Embora para pintar as paredes Pepe leve cerca de um dia inteiro de trabalho o que, considerando as magnitudes da obra, não se torna um tempo que salte os olhos, a parte mais demorada do processo é o planejamento. “Em média, leva duas semanas. Isso depende muito do que o cliente quer e do que ele precisa. Eu faço uma reunião, quase como uma agência de publicidade. Aí peço o tamanho da parede, as referências de estilos, traço, paletas de cor e elementos que vão ser desenhados”, conta. “A partir disso, faço uma pesquisa paralela para confrontar o que foi pedido e faço um esboço.”
Reconhecimento
Pepe conta que, apesar de sentir-se valorizado em Santa Cruz do Sul, tendo sua arte admirada e respeitada por todos que a veem, ainda acha que as pessoas tem um certo estigma com os artistas em geral. “É preciso entender que isso exige dedicação. Trabalhar com arte não é nascer com um dom que Deus te deu. Não é porque não tivemos outra condição. O mundo precisa olhar para um artista como olha para um engenheiro, para um médico ou para um advogado. Porque tudo o que fazemos exige trabalho e estudos interdisciplinares, seja em matemática, química, física, além das ciências humanas. Isso que a sociedade ainda precisa evoluir em relação à arte”, frisa. “No geral, vejo que sou bem reconhecido e não sofri nenhum preconceito pelo grafite. Pelo contrário, as pessoas gostam de ver arte deste tipo”, destaca.
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