O pai levara a filha para passear no parque. Lá estava também uma mãe que observava seu filho, enquanto ele brincava alegremente. Os pais estavam lá, numa mesma missão: olhar pelos filhos. Nos parques, os filhos brincam e os pais dialogam. Isso é muito interessante. As trocas de experiências favorecem a educação, principalmente num tempo de tanta complexidade. Depois de um tempo, o pai chamou a filha, avisando que estava na hora de ir. A filha, sem interromper a corrida de bicicleta, quis ficar mais cinco minutos. O pai sorridente concordou.
A senhora que acompanhava seu filho disse: ‘você deve ser um pai muito paciente!’ Num instante de seriedade, com voz embargada, o referido pai disse: ‘meu filho mais velho, no ano passado, foi atropelado, enquanto andava de bicicleta. Infelizmente não resistiu aos ferimentos. Eu nunca tinha tempo para leva-lo a passear. Eu daria tudo por mais cinco minutos com ele. Eu prometi que não cometeria o mesmo erro com minha filha. Ela acha que tem mais cinco minutos para andar de bicicleta. Na verdade, eu é que tenho mais cinco minutos para vê-la brincar.’
A convivência familiar carece do necessário tempo. As exigências do mundo do trabalho limitam as horas e até os minutos. Estar em casa, com os filhos, deixou de ser uma cena cotidiana. Muitos filhos convivem mais com os educadores e cuidadores do que com a própria família. Em alguns casos, a necessidade se impõe. Em outras situações, as prioridades não contemplam um tempo maior para a presença afetiva e efetiva junto aos filhos. Evidente que a quantidade de tempo não garante total qualidade das relações. O ideal seria adequar quantidade e qualidade.
A sensação de que os dias passam rápido é generalizada. Impossível recuperar o tempo perdido. As horas dedicadas aos filhos, enquanto pequenos, garantem firmeza, postura e harmonia afetiva. A quantidade de brinquedos e presentes jamais substituirá o olhar terno de um pai e de uma mãe, enquanto os filhos brincam alegremente. A vida alcança equilíbrio a partir do toque e da presença. Se faltar alguma coisa material, haverá superação. Sem o afeto dos pais, a carência se intensifica e as dores se eternizam. Sempre é tempo de andar de bicicleta, passear no parque, brincar de se esconder. Ter tempo é uma escolha atrelada ao amor. O único tempo propício para amar é hoje.