Prioridade do governo, Rede Estadual terá 296 instituições nesse modelo no próximo ano letivo, dobrando número de 2023
Com foco na valorização do aluno e do professor para a construção do presente e do futuro da sociedade, o governo do Estado anunciou, nesta quinta-feira (7), a expansão da oferta de escolas de Ensino Médio em Tempo Integral para o ano letivo de 2025. A ampliação alcançará mais 90 instituições de ensino em 68 municípios. Na região, serão contempladas, em Encruzilhada do Sul, o IEE Gomercinda Dorneles Fontoura; em General Câmara será o Instituto Estadual de Educação Vasconcelos Jardim; em Santa Cruz do Sul a EEEM José Mânica; Sobradinho a EEEB Padre Benjamim Copetti; e Venâncio Aires na EEEM Crescer e na EEEM Adelina Isabel Konzen.
A educação é prioridade para o governador Eduardo Leite, que, com o anúncio, eleva para 296 o número de escolas de Ensino Médio com turno integral na Rede Estadual – mais que o dobro do que havia em 2023.
“Estamos dando sequência ao nosso compromisso de expansão do ensino em tempo integral no Estado. Temos a consciência de que o tempo integral, quando oferece boas condições de segurança e de alimentação para que os alunos permaneçam mais tempo na escola, garante uma jornada pedagógica mais intensa para prepará-los para o futuro. É o que observamos em lugares onde a educação teve evolução expressiva tendo o tempo integral como uma grande aposta, e nós estamos neste rumo“, disse o governador Eduardo Leite.
A diferença é que a modalidade, além de aumentar a carga horária dos estudantes na escola, busca uma formação que coloca o aluno como protagonista do processo de educação. A abordagem pedagógica do Tempo Integral está centrada na perspectiva de que o espaço escolar é o ambiente que melhor permite o desenvolvimento pleno de todas as dimensões do estudante: intelectual, física, emocional, social e cultural.
Para isso, dentro do currículo, são oferecidos componentes como projeto de vida, estudos orientados, trilha de qualificação profissional, iniciação científica, disciplinas eletivas e práticas experimentais, além de práticas educativas como clubes juvenis e mentoria. Como forma de garantir a permanência, a saúde e o bem-estar, as escolas integrais também asseguram quatro refeições diárias para cada estudante.
Outro pilar do Tempo Integral é a prática do acolhimento. No início do ano, com a chegada dos novos matriculados e de suas famílias, é realizado um momento de integração para estabelecer os primeiros vínculos e estimular a reflexão a respeito dos sonhos e expectativas dos jovens. Essa abordagem se estende durante todo o calendário letivo, com uma rotina escolar que prioriza o apoio e o acompanhamento das aprendizagens – criando um ambiente de pertencimento e aproximação.
No Rio Grande do Sul, a modalidade começou a ser implementada em 2018, quando as primeiras 11 escolas estaduais de Ensino Médio fizeram a transição para o Turno Integral. Desde então, o sistema foi ampliado, aumentando para 18 escolas em 2022, depois para 111, em 2023, e 206 em 2024. Na Rede Estadual, 27% das instituições de Ensino Médio já adotam o modelo. A meta é alcançar 50% em 2026.
Dados e evidências demonstram que o sistema proporciona uma série de benefícios para os estudantes, incluindo a diminuição das taxas de evasão escolar e o aumento nas perspectivas de conseguir melhores condições de trabalho após concluir os estudos. Segundo o Núcleo de Educação Integral da Secretaria da Educação (Seduc), em relação ao ensino regular, a probabilidade de ingressar em um curso de nível superior é de 17 pontos percentuais maior para alunos formados em escolas integrais.
Da mesma forma, os jovens do Ensino Integral têm mais chances de seguir em profissões com maior rendimento salarial. Em uma pesquisa realizada em Pernambuco, primeiro estado do país a implementar o modelo, os estudantes que concluíram a educação básica no Tempo Integral conseguiram rendimentos 18% maiores do que os egressos de escolas tradicionais.
O mesmo estudo, desenvolvido pelo Laboratório de Pesquisa e Avaliação em Aprendizagem da Fundação Getúlio Vargas (Learn/FGV) e pelo Instituto Sonho Grande, também evidenciou que existe uma melhoria perceptível da equidade racial com as escolas integrais. No ensino tradicional, ao analisar a diferença entre os salários dos egressos, os estudantes negros têm uma remuneração média 10% menor que a dos alunos brancos. Porém, quando se considera os formados no ensino integral, a diferença desaparece.
Os indicadores apontam ainda para avanços em relação aos aspectos sociais, que envolvem maior acesso à segurança alimentar e aos serviços de saúde, além do aumento da rede de proteção escolar. No caso de meninas que estudam nas escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, a probabilidade de ingressar no mercado de trabalho é de oito pontos percentuais a mais. Em Pernambuco, onde o modelo é consolidado, as taxas de homicídios entre jovens de 15 a 19 anos caíram em até 50% com a expansão das escolas integrais.