Diversos pedidos de ligação já foram feitos e questão foi parar na justiça
Todas as noites, o prestador de serviços Emerson Santos, de 28 anos, vê as luzes da cidade se acenderem e iluminar centenas de residências. Menos na casa onde ele mora com a esposa e os filhos de 2 e 6 anos de idade. A falta de energia elétrica é a realidade da família que há cerca de seis meses comprou um terreno na rua Teresópolis, bairro Pedreira, para viver a realidade do que antes era apenas um sonho: a casa própria.
Naturais de Encruzilhada do Sul, Emerson e a esposa Tatiane Bica vieram para Santa Cruz em busca de oportunidades, no ano de 2012. Até janeiro deste ano moravam de aluguel no Vale do Nazaré, bairro Santa Vitória e com as economias conquistadas decidiram investir em uma casa própria. Só que desde então, o sonho, que custou mais de R$ 30 mil entre compra do terreno e construção da casa, vem se tornando pesadelo devido a falta de energia elétrica.
O problema começou ainda no verão, em janeiro, quando o primeiro pedido de solicitação para ligação de luz foi feito. Desde lá, a rotina é a mesma. No escuro. "Não tem mais o que fazer, estamos cansados. São seis meses de luta, passando calor no verão, e agora no inverno tendo que esquentar água na chaleira pra poder dar banho neles em uma bacia porque no chuveiro não tem água quente. É um tristeza sem tamanho tu ver teu filho sair tremendo de um banho na bacia e saber que a solução não depende de ti. É um sentimento de impotência", lamenta Emerson.
Quando compra carne e precisa manter o alimento congelado, Emerson conta que precisa pedir uma extensão de luz para a vizinha. "Se não fosse a vizinha não teríamos nem como guardar comida na geladeira. As vezes pedimos para lavar roupa também e assim vamos nos virando. É díficil. Luz de noite só com lanterna", conta.
Ainda conforme o prestador de serviços, a RGE alega que precisa investir em uma extensão de rede para resolver o problema da falta de energia. "Eles ficam enrolando, tudo o que pediram de documento eu já levei, mas eles sempre acham uma desculpa pra não fazerem o serviço deles. Como todos meus vizinhos tem luz e só eu não?", questiona.
Até dívida do antigo morador foi paga
Logo na primeira solicitação para religação da luz, a RGE cobrou uma divída deixada pelo antigo morador. Emerson diz que o valor foi pago. "Nós pagamos uma dívida que não era nossa para termos a luz logo. Cobrar de nós eles souberam e até agora nada", reclama.
Questão foi parar na justiça
Em busca de solução a família procurou a justiça e já obteve sentença favorável. Conforme o advogado Paulo Gomes, a sentença do Juizado Especial Cível de Santa Cruz, foi procedente, deferindo a tutela de urgência ordenando a RGE a fazer a ligação da energia elétrica na casa da família, no prazo de 48 horas, sob pena de multa diária de R$ 100,00. A RGE foi intimada da determinação no dia 07 de maio e nesta semana, um mês após a intimação, a RGE apresentou em juízo uma justificativa para o não cumprimento da determinação judicial, requerendo mais tempo para cumprir a ordem judicial, com exclusão da multa arbitrada.
Conforme o advogado Paulo Gomes a concessionária, que inicialmente colocava como requisito para a ligação a comprovação da propriedade do imóvel (já comprovada no processo), agora informa que há necessidade de construção de uma rede de distribuição para atender o imóvel da família, embora a casa seja a única na rua sem energia elétrica, e por isso a RGE requer que o prazo seja prorrogado até 30 de junho e que não seja cobrada a multa fixada. Em razão do descumprimento da decisão judicial, foi requerida a majoração da multa, que aguarda decisão do Juiz.
A reportagem do Portal Arauto entrou em contato com a RGE e até o fechamento da reportagem não obteve retorno
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