Colunista

Álvaro Werner

Ponto de Encontro

Memórias de 7 de junho

Publicado em: 07 de junho de 2024 às 20:55
compartilhe essa matéria

Sexta-feira, 7 de junho de 2024, data em que Vera Cruz registra a passagem de seus 65 anos de emancipação.

HOJE é o dia em que Vera Cruz comemora seus 65 anos de emancipação política, o Jubileu de Safira. Deixava de ser a Vila Theresa, 2° Distrito de Santa Cruz do Sul para seguir caminho com autonomia. Não foi nada fácil e muitos desafios foram superados ao longo dos anos seguintes graças ao envolvimento colaborativo da comunidade local que entendia e era solidária com as administrações municipais. Quantos fatos heroicos, pitorescos, tristes, alegres ou hilários se passaram e que poderiam ser narrados nestes 65 anos de história? Tempos em que as ruas não eram pavimentadas e o telefone era o velho magneto de manivela. Memórias à parte, a primeira semana de junho sempre foi marcada por eventos para divulgação do município no âmbito regional e estadual. Contudo, pela catástrofe climática que se abateu sobre o Rio Grande no mês de maio, toda programação foi cancelada em solidariedade à população que ainda sofre as consequências traumáticas das enchentes.

MESMO assim, sem comemorações, a Semana do Município sempre evoca alguma lembrança dos fatos de antanho. A máquina do tempo retrocede e nos leva ao ano de 1979, quando se comemoravam os vinte anos de emancipação. O município estava sob a administração do prefeito Ivênio Roque Mueller e do vice Horst Herbert Schneider. Uma extensa festividade foi programada iniciando-se no dia 1°de junho com recepção ao ministro da Previdência Social Jair Soares. Nos dias seguintes haveria culto dominical campal e ecumênico no Clube Vera Cruz, Noite dos Corais, Futebol de Veteranos entre Vera Cruz e Sinimbu, Gincana Histórica dos 20 anos, Semana Ruralista, Reunião da AMVARP, Desfile cívico-militar e exposição de armamentos do 8° BIMtz, entre outras atividades. A semana seria finalizada com um jantar comemorativo no Clube Vera Cruz com a presença da comissão organizadora, população, autoridades e convidados.

DIA 7 de junho de 1979 caiu numa quinta-feira. No jantar alusivo ao Município, encontrava-me à porta frontal do Clube recepcionando os convidados. Lá pelas tantas, estaciona um Opala de cor alaranjada, característica dos taxis de Porto Alegre e a inscrição “Infraero” na lateral, que indicava ser do aeroporto Salgado Filho. Abriu-se a porta traseira direita e de imediato identifiquei a pessoa do ex-governador Ildo Meneghetti. Fui recepcioná-lo e dar-lhe boas vindas com um guarda chuvas, eis que garoava com insistência naquela hora. Juntamente veio Celestino Granato Goulart, Secretário de Justiça do Estado, que representava o governador Amaral de Souza, além de amigo pessoal de Meneghetti. Encaminhei os ilustres visitantes à mesa das autoridades. Dirigindo-se aos convivas, o ex-governador, então com 84 anos, agradeceu a distinção e a honra por ter sido lembrado depois de tantos anos como o executivo que promulgou a Lei n° 3697, de 30 de janeiro de 1969, de criação do Município. A lei também seria chancelada por Euclides Triches, Secretário de Obras Públicas, que mais tarde viria a ser governador e recepcionado na Prefeitura pelo prefeito Guido Hoff. O ex-governador Ildo Meneghetti dispensou o uso de carro oficial a que teria direito e a viagem correu às suas expensas. Em 1979 foi lançado também o livro “Vera Cruz, 20 anos” exemplares que hoje estão em mãos de colecionadores.

DE volta ao presente, não só a Semana do Município foi cancelada em virtude da catastrófica enchente que alagou o Rio Grande, literalmente, como também foi adiada a Feira da Produção que será realizada de 24 a 28 de julho, quando se comemora também o Dia do Colono e Motorista e os 200 anos da Imigração Alemã. A nova data teve adesão imediata dos feirantes e expositores e terá caráter solidário. A sempre movimentada Gincana Municipal ficou para data oportuna. Pelas redes sociais viu-se que os gincaneiros se envolveram de corpo e alma na grande tarefa em solidariedade aos desabrigados pelas cheias. A rivalidade amiga foi deixada de lado e prevaleceram as ações de altruísmo, amparo e assistência. Com a força de todos o Rio Grande voltará ainda mais forte.