“Eu só fui entender o que realmente tinha acontecido olhando as imagens”, diz ex-árbitro vítima de agressão

Durante o julgamento do ex-jogador de futebol, William Ribeiro, o ex-árbitro, Rodrigo Crivellaro relembrou o ataque que sofreu em 2021. No dia da agressão, Crivellaro apitava uma partida entre São Paulo de Rio Grande e Guarani, em Venâncio Aires, pela Divisão de Acesso do Gauchão.

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O ex-árbitro foi derrubado, após aplicar um cartão amarelo em Ribeiro, e depois recebeu socos e chutes na cabeça e na nuca. Com o impacto das agressões, Crivellaro desmaiou. "Eu só fui entender o que realmente tinha acontecido olhando as imagens", destacou.

Durante seu depoimento, a vítima relatou que a partida seguia normalmente, quando houve uma disputa entre Ribeiro e um jogador do Esporte Clube Guarani. "Eu deixei o jogo seguir, porque no meu entendimento não foi falta. Na sequência da jogada, ele veio reclamando acentuadamente contra a minha decisão. Então eu decidi parar o jogo e aplicar o cartão amarelo contra reclamação", relembrou.

Conforme Crivellaro, em seguida tudo aconteceu de forma rápida. "No momento que eu fui repor a bola em campo, foi muito rápido e eu não vi nem de onde veio um soco contra o meu rosto. Na boca eu tenho uma cicatriz. E depois que eu caí no chão, ele me deu um pontapé. Isso foi o que eu vi nas imagens, porque não me lembro de nada. Eu só lembro de acordar no hospital, na maca."

O ex-árbitro diz ainda que durante o período que esteve no hospital, ouviu diversas vezes os médicos afirmarem que se o chute tivesse sido um pouco mais para cima ou, ainda, para baixo "poderia ser muito pior e eu poderia ter ficado em uma cadeira de rodas ou ter falecido". Ele sofreu uma lesão na sexta vértebra.

Para Crivellaro, o ex-jogador não deixou de agredi-lo de forma espontânea. As ações só foram interrompidas após um jogador da equipe de Venâncio Aires segurá-lo. 

"Me arrependo"

Durante seu depoimento, William Ribeiro, que responde em liberdade, relembrou a situação do São Paulo de Rio Grande no dia do jogo. "A gente estava na zona de rebaixamento. Faltavam mais três jogos para terminar. Se não vencesse, a gente caia para terceira divisão.  A gente já chegou na cidade com a pressão de ter que vencer de qualquer maneira", ressaltou.

De acordo com o ex-jogador, os ânimos estavam mais intensos por causa da situação do time. Além disso, ele destacou que estava irritado porque em uma jogada anterior em cima dele, o árbitro  não havia marcado falta a favor do São Paulo de Rio Grande. "No decorrer do jogo, uma pessoa normal que torce já fica fora de sério quando o time está perdendo. A gente, dentro do campo, tendo que lutar pelo time e a gente já saiu perdendo, fica difícil", argumentou.

Em relação ao chute, Ribeiro reafirmou em diversos momentos que ele acertou o ombro e não a cabeça do árbitro. "Eu joguei bola mais de 15 anos. Sempre fiz musculação. Se eu tivesse chutado a nuca dele, eu teria matado ele com a força que eu adquiri nas minhas pernas. Não foi o que aconteceu. Se colocar a imagem, dá para ver direitinho."

Ao ser questionado pela defesa, o ex-jogador se disse arrependido pela agressão. "Me arrependo bastante. Eu fui errado em agredir o juiz. Mas eu tenho que responder por agressão, não por tentativa de homicídio", afirmou.