Pequenos líderes

Dias atrás minha filha voltou da escola empolgada, contando que participaria como candidata da eleição do líder da sua turma do quarto ano. Precisava pensar o que diria aos colegas para mostrar a sua vontade e a sua capacidade de representá-los. O candidato mais votado seria o líder e o segundo colocado, vice, explicou. Ela tinha pretensão ao “cargo”, indiferente de qual deles.

E ela de fato se preparou, organizando seu pensamento e como seria seu discurso, enfatizando que teria que ser natural, não algo que ela tivesse decorado, precisaria usar as palavras dela, explicando-me tudo isso com a sua maturidade de 9 anos.

Conversamos, também, que era uma escolha dos colegas, portanto democrática. Aliás, muito propício em época de eleições municipais. Então, por mais que ela quisesse ou que se sentisse capaz, talvez ela não fosse a escolhida da maioria. Mas essa não era uma preocupação, me disse ela. Porque no próximo ano ela poderia tentar de novo. O interessante era poder participar, era querer. Neste momento pensei pra mim: estamos no caminho certo.

E assim foi. Quisera eu ser uma mosquinha para estar em sala de aula neste dia e observar a pequena (já nem tão pequena assim, eu sei). É motivo de orgulho ver a sua autonomia, a coragem de se expor, a humildade de se colocar à disposição para ouvir e para auxiliar os colegas, missão do líder da turma.

Muitos eram os candidatos, pelo que soube, cada qual com capacidade e com vontade de estar ali, entregando o seu melhor. Fiquei impressionada e ao mesmo tempo feliz, porque a escola estimula a liderança. E ser líder independe de ser o escolhido. Vai além. Ser líder é ser empático, solidário, confiante. Ter a capacidade de comunicar bem as suas ideias, ser criativo e ter pensamento crítico. Auxiliar na resolução de conflitos e trabalhar em equipe. Parece muito para uma criança? Não se engane, a capacidade delas impressiona.

Mas precisamos fazer a nossa parte. Nós, pais, podemos estimular e desenvolver a liderança nas crianças desde bem pequenas, seja elas tendo pequenas responsabilidades desde cedo – como envolvê-las em atividades domésticas -, seja deixando que elas tomem algumas decisões, sempre considerando a faixa etária. Por exemplo, escolher o lanche do dia ou selecionar as suas roupas. Essas qualidades são importantes para a vida.

Jamais esqueçam, pai e mãe, que vocês são o exemplo. Demonstrar respeito, empatia e assertividade em suas ações no dia a dia ensina muito sobre valores a seu filho. E, consequentemente, sobre liderança.

Ah, antes de encerrar este texto quero contar o resultado da eleição. Ela foi eleita! Ficou ainda mais empolgada com a missão, agora concreta, dos desafios da liderança de turma.