Colunista

Moacir Leopoldo Haeser

A eleição na Venezuela

Publicado em: 06 de agosto de 2024 às 07:27
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As reclamadas eleições livres foram prejudicadas com o afastamento de candidatos e a falta de transparência da proclamação de resultados.

Situada na costa norte da América do Sul, a Venezuela tem diversas atrações naturais. A Isla de Margarita e o Arquipélago Los Roques, ao longo da costa do Caribe, contrastam com a Cordilheira dos Andes a noroeste.

Embora descoberta por Colombo, foi Alonso de Ojeda, em 1499, que pela que primeira vez explorou o país, navegando ao longo do mar do Caribe até o lago Maracaibo, atribuindo o nome de “Venezuela” pela semelhança entre as palafitas indígenas e a cidade italiana de Veneza.

Sua população de cerca de 28 milhões de habitantes, de origem indígena, africana e espanhola, chega a 94% de alfabetização. Depois da Primeira Guerra Mundial passou de essencialmente agrícola para uma economia centrada na produção e exportação de petróleo, chegando a ser o 4º PIB do mundo.

As crises no preço do petróleo e aplicação dos recursos apenas em programas sociais, sem investimentos na área produtiva, além da estatização da indústria local e expropriação de propriedades, levou a Venezuela a depender quase totalmente de importações.

Os gastos públicos levaram ao desequilíbrio fiscal e a política de controle de preços ao desabastecimento e hiperinflação. A insegurança causou a fuga da população em busca de vida melhor.

Condenados pelo mundo livre, os governos de Chaves e, depois, Nicolas Maduro, tentam manter-se no poder com o apoio de China e Rússia, contando com a simpatia do atual presidente brasileiro ao qual sugeriu tomasse um chá de camomila para afastar a preocupação.

As reclamadas eleições livres foram prejudicadas com o afastamento de candidatos e a falta de transparência da proclamação de resultados.

Se verdadeiras as notícias, com apenas 80% de urnas apuradas era anunciada oficialmente a vitória de Maduro com 51% dos votos contra 44% de Edmundo González Urrutia, candidato da oposição. Já no dia seguinte Maduro era diplomado como Presidente. O bom humor dos brasileiros atribuiu ao estagiário o fato de ser atribuído 4% dos votos a cada um dos demais candidatos, quando a ordem seria de distribuir entre eles, pois o total chegaria a 132%.

A falta de transparência do Conselho Nacional Eleitoral provocou protestos da comunidade europeia e da maioria dos países da América. A exibição de algumas atas das seções eleitorais deixou sob suspeita o resultado proclamado oficialmente.

Ameaçados de prisão, o que já ocorreu com mais de mil venezuelanos que protestam nas ruas, Edmundo González e Corina Machado, líderes da oposição, não compareceram à sessão de auditoria das eleições, convocada pelo Tribunal.

Com o mundo exigindo a exibição das atas, Elvis Amoroso, presidente do CNE, atribuiu a demora na atualização dos resultados a “ataques informáticos massivos de várias partes do mundo” que “retardaram a transmissão das atas e o processo de divulgação dos resultados”.

Com o resultado oficial apontando vantagem de mais de um milhão de votos para Nicolas Maduro, a soma independente de atas, correspondente ao nosso boletim de urnas, indica Gonzalez com mais do que o dobro de votos de Maduro.

Com eleições automatizadas desde 2004, a Venezuela utiliza, ao mesmo tempo, urnas eletrônicas e comprovante do voto em papel, depositado na urna, o que permite a verificação, como o sistema brasileiro aprovado pelo Congresso, que foi afastado pelo STF.

Assistindo de longe as contestações do resultado proclamado oficialmente, nosso ministro presidente afirmou que isso não ocorreria no sistema adotado no Brasil. É de lembrar que foi exatamente por dizer isso, em reunião com os embaixadores, que um potencial candidato foi tornado inelegível.