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Quando a ida ao médico vira um desafio. Conheça o drama da família Freitas

Publicado em: 06 de junho de 2017 às 11:09 Atualizado em: 19 de fevereiro de 2024 às 14:20
  • Por
    Guilherme da Silveira Bica
  • Fonte
    Portal Arauto
  • Foto: Guilherme Bica / Portal Arauto
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    Com deficiências visuais e físicas, moradores do bairro Bom Jesus têm dificuldades para sair de casa

    Hoje é dia 9 de junho de 2017. Para muitos apenas mais um dia de trabalho, estudos e demais atividades. É a rotina, o dia-a-dia. Quando saímos de casa, principalmente em dias chuvosos como os registrados nesta semana, um dos objetivos é não se molhar. Os buracos das ruas, as poças de água são alguns empecilhos nessas situações. Empecilhos alías, que facilmente podem ser superados, mas que muitas vezes geram inúmeras reclamações. E é aí que entra a frase de conhecimento popular: "Se seu problema tem solução, então não há com que se preocupar". O problema é quando essa solução não está ao seu alcance.

    A realidade de Carmen Freitas é assim. Com 53 anos e atualmente desempregada, dedica seu tempo aos cuidados da mãe Ermelindra e dos irmãos Alessandro e Air, que moram na rua Montevidéu, bairro Bom Jesus. A mãe, de 80 anos, tem dificuldades de locomoção e precisa da ajuda da filha nos afazeres domésticos. Já os irmãos necessitam dela tanto quanto a mãe. Air, de 56 anos, e Alessandro, de 37, são deficientes visuais e só se locomovem com cadeira de rodas. Air também tem diabetes e Alessandro sofre com frequentes convulsões.

    Com consultas médicas regulares dos irmãos, Carmen precisa de desdobrar para levá-los ao Posto da Estratégia de Saúde da Família do bairro. O trajeto que poderia ser percorrido com facilidade, tem causado transtornos para ela e para o cunhado, que ajuda no transporte. "O primeiro problema são os buracos da rua, tem dias que é muito difícil passar de carro. Depois, ainda em função da chuva, tem uma valeta na frente da casa, o que impede de levarmos eles com a cadeira até a porta do carro. Eles são pesados, daí acaba eu e meu cunhado tendo que carregá-los.", afirma Carmen.

    O problema, segundo ela, vem de muitos anos e inclusive de outras gestões. "Pedimos ajuda para vereadores, secretários que passaram por outros governos e para os atuais e nada foi feito", conta Carmen. O cunhado chegou a improvisar uma entrada para o veículo dentro do pátio, mas a chuva e a falta de demarcação da rua destruíram o que havia sido feito. "Aqui ninguém sabe o que é rua e o que é calçada. Tu tenta improvisar uma entrada pro teu pátio, mas ou é um vizinho que toma conta ou é a chuva que destrói", disse.

    Prefeitura vai agir

    Segundo o secretário de Transportes e Serviços Públicos de Santa Cruz, Gerson Vargas, uma equipe foi até o local para fazer um levantamento da situação e providenciar possíveis soluções. Vargas afirmou em contato com a reportagem do Portal Arauto, que uma rampa será construída na calçada para facilitar o transporte dos irmãos Air e Alessandro. "Precisamos e vamos ajudar essa família, só dependemos da melhora do tempo para iniciarmos a obra", afirmou.

    Já a pavimentação da rua depende de um cronograma estabelecido pela prefeitura. O secretário de Obras e Infraestrutura, Leandro Kroth, diz que a demanda é alta e o planejamento precisa ser seguido. "Temos mais de 170 protocolos de moradores pedindo pavimentação e precisamos respeitar as necessidades de cada caso. Os urgentes terão prioridades", disse. Em relação aos buracos e valetas que surgiram na via, o secretário também diz depender da melhora do tempo para início dos trabalhos. "Não posso colocar uma equipe a trabalhar em dias de chuva porque os problemas não se resolvem assim. Necessitamos de tempo bom para podermos fazer os reparos, temos uma demanda muito grande e vamos procurar atender todas elas", afirmou Kroth.