Morador de Vera Cruz guarda em pastas as propagandas políticas de cada candidato de sua cidade e aponta votações
Numa época em que a maior parte da campanha eleitoral se tornou virtual, com destaque para as redes sociais, há quem preserve um gosto pelo tradicional: o santinho, aquele mesmo, impresso no papel. E mais: virou coleção.
O aposentado Almiro Sehnem, morador de Vera Cruz, iniciou essa inusitada coleção em 1982. Para quem não viveu nesse tempo, é bom saber que as eleições gerais de 1982 ocorreram em 15 de novembro, em turno único, para os cargos de governador, senador, deputados federal e estadual, prefeito e vereador. E, além desse tanto de cargo para votar, era em cédula de papel, antes das urnas eletrônicas entrarem em cena.
Foi a primeira eleição após o fim do bipartidarismo, contando, assim, com a participação de cinco novas legendas: PDS, PDT, PMDB, PT e PTB. No Rio Grande do Sul, foi eleito governador Jair Soares. Mas a coleção de Almiro se restringe, desde sempre, aos candidatos de Vera Cruz, sua cidade. Naquele ano, Guido Hoff foi eleito Prefeito.
Tudo começou, relembra o vera-cruzense, por incentivo do próprio Guido, enquanto ambos trabalhavam na Verafumos. Guido e muitos colaboradores da empresa traziam o que Almiro chama de “figurinhas”, o que acabou rendendo um mural no departamento técnico da empresa. Metódico e organizado, Almiro resolveu reunir tudo em pasta, separando por partido e, depois do pleito, anotava a votação de cada um.
Ele tomou gosto e repetiu o trabalho nos anos seguintes. Chegou um ponto que aprendeu a desenvolver gráficos no computador para o trabalho na fumageira e acabou aperfeiçoando sua coleção. E então as eleições também foram parar nas estatísticas que ele fez em votações por legenda, na majoritária, e dentro de cada partido.
A coleção chama a atenção por diversos aspectos. Uma delas é a evolução dos próprios impressos. Os partidos costumavam padronizar a arte dos seus candidatos. Das “figurinhas” em preto e branco para artes coloridas, às vezes inserindo slogan ou áreas de prioridade de atuação mostram que a propaganda foi mudando, até chegar nas colinhas para indicar o número a digitar na urna.
Mas talvez a maior mudança nas pastas de 1982 para cá seja reflexo do desenvolvimento do município. “Antigamente se conhecia quase todos candidatos. Primeiro porque não havia tanto candidato e segundo porque a cidade era muito menor”, reflete Almiro, prestes a completar sua coleção de santinhos de 2024 como se fosse um álbum de figurinhas. Na Capital das Gincanas, é mais uma história para o rol das curiosidades.
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