Colunista

Luciano Almeida

Bastidores do futebol

Sobre o individual e o coletivo no futebol

Publicado em: 05 de agosto de 2024 às 12:14
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No futebol, as individualidades são importantes e eventualmente decidem jogos. Mas só um coletivo forte pavimenta o caminho da conquista

Novos ares. O Grêmio respira novos ares. Depois de um longo e tenebroso inverno, está há duas rodadas fora da zona de rebaixamento. Mas esta é só a consequência de um processo que passa pela melhoria na postura e na atitude do time, que passou a competir e a se indignar mais. Passa também pelo acréscimo de opções e de qualidade à disposição do técnico gremista. Além dos retornos do Villasanti e do Soteldo, que estavam com suas seleções, o Jemerson foi fixado na zaga, o Edenilson melhorou o meio campo, jogadores como Arezo, Monsalve, Aravena, Britwhite começam a ser alternativa e mesmo o Diego Costa já está reintegrado ao elenco e em breve voltará ao time. Mais qualidade, inevitavelmente melhora o rendimento de qualquer time. Para fechar, o Renato, além de se impor com sua liderança, colocou a mão no time, mexeu na estrutura e tornou a equipe mais equilibrada. Atitude e imposição anímica, mais opções e mais qualidade técnica e ajustes táticos importantes: é por estes fatores que passa a evolução gremista.

Novidade. Monsalve, o meia trazido da Colômbia enfim estreou com a camisa do Grêmio. E a primeira amostragem foi a melhor possível, de um jogador participativo, que joga com a bola no pé e está sempre perto dela e tem bom arremate. Não dá pra ser definitivo, logicamente, mas a impressão é de que o Grêmio trouxe um jogador que vai agregar qualidade ao time, num setor em que só havia Cristaldo.

Organizador. É notório que desde que entrou no time, o Edenilson tem organizado e dado dinâmica ao setor. É um jogador de transição, que dá a movimentação e a ocupação de espaços de que o time es ressentia. Jogando ao lado do Villasanti, por exemplo, torna o setor mais povoado, mais leve e mais encorpado.

Muito trabalho. Roger Machado terá muito trabalho pela frente. Assumiu um Inter muito desorganizado no aspecto coletivo, sem identidade de time e sem um jeito equilibrado de jogar. Um coletivo deficiente provoca a queda técnica de muitas individualidades e neste momento colorado, jogadores importantes vêm rendendo muito menos do que podem e do que o time precisa. Além disso, há um fator mental a ser trabalhado, de um time que emocionalmente se desequilibra e sucumbe diante da menor adversidade. No jogo contra o Bahia, na última semana, já houve indícios de melhora. Contra o Palmeiras, na partida mais recente, o Inter conseguiu levar um jogo com equilíbrio e mesmo com alguma agressividade quase até o final. Mas outra vez recuou demais, chamou o adversário para o seu campo e cedeu o empate. Por pouco não estancou uma série incômoda de 10 jogos sem vencer.

Cobranças. Alan Patrick, antes da lesão que o afastará do time por um bom tempo, era cobrado porque rendia muito menos do que em seus melhores momentos. Wanderson, Renê, Hyoran, Mercado, Bustos, Robert Renan e até o Wesley, que está oscilando, também são alvo de cobranças. Mas ninguém está mais abaixo e entregando menos, especialmente em relação à expectativa criada, do que a dupla Valência e Borré. As duas maiores grifes do ataque colorado estão devendo. E muito.

Fim de linha. O Avenida encerrou, diante da Inter de Limeira-SP, a sua participação na Série D do Campeonato Brasileiro. Embora pudesse mais, pelo grupo montado, pelo investimento feito e pelo trabalho do excelente Wiliam Campos, um dos grandes nomes da nova geração de treinadores gaúchos, foi uma participação digna e respeitável. Com um trabalho competente da direção, da comissão técnica e do grupo de jogadores. Com uma lição: não dá pra investir pesado e de forma tão assertiva na formação do grupo e descuidar de um elemento essencial no jogo de futebol, como o gramado. Neste campeonato, o grande adversário do Avenida foi, sem dúvida, o seu campo.

Futebol olímpico. O futebol é um jogo curioso. Na fase de grupos, com Marta, uma das maiores da história do futebol em campo, a Seleção Brasileira de Futebol Feminino não encantou e teve muitas dificuldades para classificar.  Com duas derrotas, só avançou como uma das melhores terceiras colocadas. Mas sem a sua principal jogadora, o coletivo deu a resposta, se fechou, encaixou melhor e foi competitiva a ponto de eliminar a França, uma das grandes dos jogos olímpicos. Se a qualidade individual importa, é um coletivo forte que pavimenta o caminho das conquistas.