Política

Vereador Paulinho Lersch é preso preventivamente em Santa Cruz

Publicado em: 05 de junho de 2019 às 18:43 Atualizado em: 21 de fevereiro de 2024 às 11:58
  • Por
    Kethlin Nadine Meurer
  • Fonte
    Portal Arauto
  • Foto: Guilherme Bica/Portal Arauto
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    Ele irá responder por crime de associação criminosa, coação no curso do processo e concussão (vantagem indevida)

    Foi preso preventivamente nesta quarta-feira (5) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) o vereador de Santa Cruz do Sul, Paulinho Lersch. A decisão preventiva visa evitar o crime de coação no curso do processo, o que conforme o MP, já vinha sendo cometido pelo vereador. Além disso, Lersch é acusado de associação criminosa e concussão (crime de vantagem indevida). Também foram imputados os crimes para o assessor parlamentar, Carlos Henrique Gomes da Silva, e a mãe do vereador, Nersi Ana Backes. Tanto o vereador quanto o assessor foram encaminhados para o Presídio Regional. Paulinho é apontado por exigir as vantagens indevidas que ocorriam por meio de parte dos salários de trabalhadoras da Câmara.

    Segundo o promotor Érico Barin, que também atuou na operação que recebeu o nome de Feudalismo, há uma associação criminosa funcionando dentro da Câmara de Vereadores. “Nós tivemos crimes de concussão em série com início no mês de março de 2018 em que todos os meses ao menos uma servidora sofria exigência de ficar com apenas mil reais do salário líquido de R$ 5 mil. O restante deveria ser sacado na boca do caixa e entregue em um envelope até a residência da mãe do vereador”. Ainda acrescenta que havia uma vítima que teria sofrido 14 exigências de doações mensais de cerca de R$ 4 mil. Apenas ela, em um intervalo de um ano, teve que entregar cerca de R$ 50 mil ao vereador Paulinho Lersch. A outra pessoa entregou aproximadamente o valor de R$ 12 mil, mas em um intervalo menor. As doações eram feitas pelas pessoas devido ao receio que tinham de perder o cargo público.

    “Não estamos condenando ninguém, mas é uma investigação que trouxe fartos elementos de provas desse esquema criminoso”

    Promotor Érico Barin

    Conforme o promotor foi obtida autorização judicial para medidas de acompanhamento, captação ambiental e interceptações telefônicas e mandados de busca  e apreensão que propiciou a coleta de indícios claros de provas dos crimes.

    No dia 28 de maio houve um mandado de busca e apreensão na residência da dona Nersi. Na data foi encontrada a quantia de R$ 8.150,00 que foram frutos de dois envelopes entregues por servidores da Câmara de Vereadores nesse esquema já elucidado de exigência de vantagem indevida. A tarefa do assessor, segundo apontou as investigações, era auxiliar o vereador quanto às exigências e arrecadações dos valores. “Temos evidências de que o próprio Carlos Henrique ia até a casa da mãe do vereador e lá recebia diretamente os valores ou passava no fim do dia para fazer a arrecadação dos valores”, observa o promotor. A atuação do assessor dava a ele a isenção de ter que colaborar com parte do salário. Em alguns momentos, chegava a trabalhar como secretário particular do vereador.

    A reportagem do Portal Arauto tentou contato com o vereador, mas ele não quis se manifestar sobre o assunto.

    AÇÃO DO GAECO

    O promotor destaca que é preciso que isso seja elucidado por conta da gravidade. Em função de toda a situação, nesta quarta-feira (5), o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriu mandado de busca e apreensão no gabinete do petista, na residência dele e também do assessor Carlos Henrique. Além disso, foi solicitado o afastamento  de ambos de seus cargos, bem como, as prisões preventivas. "Diante do contexto de exigência do salário, para assegurar que essas pessoas possam testemunhar com lisura sobre aquilo que sofreram e sejam isentadas de qualquer tipo de ameaça, foi solicitada as prisões preventivas", destaca.

    INÍCIO DA INVESTIGAÇÃO

    De acordo com o promotor Érico Barin, a investigação partiu do contexto de que há anos chegam notícias ao Ministério Público referentes ao crime de vantagem indevida: “Como as notícias eram repetidas, nós instauramos alguns inquéritos civis. Nós percebemos que precisávamos de diligências de cunho mais profundo autorizadas judicialmente. Um dos alvos foi esse esquema do vereador Paulo Lersch que desde 2017 tivemos e tínhamos esse tipo de denúncia”.