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Reumatologia para todas as idades

Publicado em: 05 de abril de 2022 às 10:09 Atualizado em: 03 de março de 2024 às 18:47
  • Por
    Carolina Sehnem Almeida
  • Fonte
    Jornal Arauto
  • Foto: Carolina Almeida/ Jornal Arauto
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    Dra. Camila Schafer desmistifica a especialidade médica, ainda muito associada ao público idoso

    Você sabe o que faz um reumatologista? Talvez desconheça suas funções e habilidades, mas todo mundo já ouviu falar em reumatismo, ainda que se torne um termo genérico para se referir a dezenas de doenças, sejam inflamatórias, autoimunes, degenerativas e outras. O cuidado de doenças que afetam o sistema locomotor – e que envolve esqueleto, articulações, músculos, ligamentos – é feito pelo reumatologista. A especialista na área Camila Schafer, formada em Medicina no ano de 2016, na PUC, sempre gostou de investigar o paciente, conhecendo a fundo o que sente, seus hábitos, sua história familiar. Foi assim que acabou sendo cativada para a Reumatologia, especialização feita em Porto Alegre, no Hospital Conceição, entre 2019 e 2021. Ao associar o gosto pela investigação com o acompanhamento constante a seus pacientes, Camila se viu apaixonada pela área.

    A médica santa-cruzense desmistifica: reumatologia não é só doença de idoso. Até porque as chamadas autoimunes não têm idade para aparecer. As mais comuns são o lúpus (mais comum entre as mulheres, a partir dos 20 anos) e a artrite reumatoide, mas na região, explica ela, a artrite psoriásica (artrite que atinge as articulações de pessoas com psoríase, doença autoimune que causa lesões avermelhadas e escamosas na pele) aparece com intensidade, muitas vezes com manifestações de dor e inchaço nas articulações. Mas Camila explica que não é só a dor muscular uma característica marcante das doenças autoimunes, pois elas podem afetar outros órgãos, como pulmão, rim, olhos, coração, pele, inclusive mais de um órgão ao mesmo tempo. “As doenças autoimunes não têm cura, requerem acompanhamento permanente”, afirma a reumatologista.

    Já entre as doenças que não se enquadram na categoria das autoimunes, as mais comuns envolvem dor musculoesquelética, como as famosas contraturas musculares, torcicolos e a fibromialgia (caracterizada pela dor no corpo todo), que tem no uso de medicamentos prescritos pelo reumatologista e no exercício físico regular orientado grandes aliados para controlar a dor. 

    Um conjunto de hábitos e rotinas é indicado para que os pacientes possam amenizar suas dores, e essas dicas passam pela alimentação saudável, exercício físico orientado e muitas vezes acompanhamento com demais profissionais, como fisioterapeuta, psicólogo e outros. “É muito importante trabalhar de forma interdisciplinar, envolvendo mais especialidades, para associar o cuidado físico com o emocional”, completa Camila. Ela também procura orientar exames preventivos e cuidados que muitas vezes não são competências da sua especialidade, mas pelo convívio próximo, pela empatia e proximidade construída com o paciente, busca se tornar uma aliada na manutenção da saúde como um todo.

    Geralmente a dor nos músculos, nas articulações e no esqueleto motiva a primeira consulta, assim como a famosa queixa de artrose – doença degenerativa relacionada ao envelhecimento que afeta as cartilagens, e que com o seu desgaste, aumenta o atrito entre os ossos, o que provoca desconforto, dor, inflamações e deformações, dificultando e até impossibilitando movimentos.

    Para fazer o diagnóstico preciso e ser assertiva no tratamento, Camila Schafer revela a importância da investigação do histórico do paciente. 
    Apesar das doenças autoimunes não terem cura, é possível melhorar a qualidade de vida do paciente, controlar suas manifestações e seus sintomas para que não evoluam para um caso mais grave. Nas doenças que não são autoimunes, evitar a dor prolongada e seu agravamento, inclusive por tratamentos inadequados, faz parte do ofício de Camila.

    Ainda que nem toda doença possa ser prevenida, com melhores hábitos de vida outros males podem ser evitados ou piorados. “Muitos pensam que os pacientes com reumatismo são proibidos de fazer exercício físico, por exemplo. Mas é bem o contrário, desde que orientado por um profissional”, declara Camila.