Geral e Região

Quando as memórias vêm carregadas de afeto

Publicado em: 05 de março de 2020 às 18:27 Atualizado em: 22 de fevereiro de 2024 às 07:34
  • Por
    Carolina Sehnem Almeida
  • Fonte
    Jornal Arauto
  • Foto: Carolina Almeida/ Jornal Arauto
    compartilhe essa matéria

    Talvez as fotografias sejam as mais populares das lembranças, mas e quem conhece o ursinho da memória?

    Jessiane Assis leu uma postagem em rede social falando do ursinho da memória a partir da roupa de uma senhora que havia falecido e se transformado em bichinho de pelúcia. Foi aí que teve a ideia. “A emoção de pensar em ter um com a roupinha do meu eterno anjo tomou conta de mim, e só me vinha na cabeça que eu sentiria ele um pouco mais perto”, disse ela, moradora de Santa Cruz do Sul. Jessiane escolheu a primeira roupinha e a saída de maternidade do primogênito Joaquim para virarem seus ursinhos da memória. “E quando bater aquela saudade, vou abraçar os ursinhos com um significado imenso pra gente”, completa a esposa de Maurício.

    Joaquim nasceu perfeitinho, de 39 semanas, com 51 centímetros, 3,510 quilos, em 7 de março de 2016, num parto rápido e maravilhoso, segundo a mãe. “Meu maior sonho sempre foi ser mãe, ele chegou trazendo um alegria imensa para nossa vida, ali descobrimos um amor inexplicável”, conta Jessiane. Só que a felicidade do nascimento foi interrompida cedo demais. O bebê faleceu com menos de um mês de vida. Mesmo já fazendo quase quatro anos, no dia 2 de abril, a dor continua e a saudade é indescritível. O casal recomeçou a família com a filha Melissa, hoje com pouco mais de dois anos, e mais recentemente o maninho Martim, de cinco meses. Mas jamais Jessiane e Maurício deixaram de imaginar como seria a família completa. “Com ele conhecemos um amor que jamais imaginamos.”

    Foi então que neste mês de fevereiro, Jessiane, que se dedica integralmente a cuidar dos filhos e da casa, conheceu o trabalho artesanal de Susi de Leon, com os ursinhos da memória, e não teve dúvida. Quis dois. “Sem dúvida que jamais vai ser a mesma coisa, mas não consigo explicar o sentimento desse ursinho de tanto amor. É uma forma de estarmos sempre perto de quem amamos”, resume. Para quem teve a tarefa de transformar a roupa em memória afetiva, a encomenda também teve um sentimento pra lá de especial. “O amor de uma mãe transcende a vida terrena. Neste trabalho de transformação destas roupinhas cheias de lembranças, afeto e amor, foi muito mais de mim em cada costura do que eu poderia imaginar”, frisou Susi, emocionada.

    Cada ursinho é costurado com amor

    Para Susi, que transformou o lar em atelier, cheio de criação e inspiração, costurar com afeto é mais do que costurar, é com amor. “Faço cada peça como se fosse para a minha filha”, relata a mãe da Antônia. Especializada no universo infantil, Susi sempre gosta de surpreender, fazer coisas diferentes, e foi aí que surgiu o ursinho da memória. Com a roupa escolhida pelo cliente, ela coloca os moldes sobre a peça para recortar e aproveitar minuciosamente cada detalhe na costura, que aos poucos vai deixando de ser a roupinha da criança para se transformar em um ursinho. 

    A repercussão deste trabalho tem sido emocionante. “É um significado diferente para as famílias e para mim também”, conta ela, que fez, na maior parte, ursinhos para eternizar a infância de um filho, como no caso da Fiorella. Mas teve sensibilidade ímpar quando recebeu o pedido de Jessiane, que perdeu seu amado filho com menos de um mês de vida. “Cada pontinho desmanchado, cada corte que precisei fazer foi com muito respeito, com muito carinho. Que eles (ursinhos) sigam sendo pra ti um símbolo de muito amor”, declarou Susi para Jessiane, ao entregar a encomenda dos dois ursinhos da memória.

    A reportagem completa está na edição impressa do Jornal Arauto desta sexta-feira, dia 6 de março.