“Critério precisa ser social, não racial”, diz vereador sobre cotas em concursos

Na sessão ordinária da última segunda-feira (2), na Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul, o vereador Edson Azeredo (PL) sugeriu que o Município adote cotas sociais, em substituição às cotas raciais, em futuros concursos públicos. Segundo ele, os critérios de reserva de vagas precisam ser revistos para contemplar a realidade econômica dos candidatos.

“Temos que discutir a implementação de cotas sociais e não raciais. Porque, muitas vezes, o jovem branco da periferia tem condições tão ou mais precárias do que outros grupos e também precisa ter esse acesso facilitado”, defendeu.

A fala ocorreu durante um pronunciamento em que o parlamentar também fez críticas à condução do concurso público mais recente, voltado à área da Educação. O vereador argumentou que o modelo atual de cotas pode causar distorções, citando o caso de uma candidata que teria perdido posições mesmo com bom desempenho, ao passo que candidatos cotistas com nota inferior avançaram. Para Azeredo, isso compromete a justiça no acesso às vagas e reforça a urgência de revisar os critérios, priorizando a condição social em vez da raça.

O parlamentar também relatou, com tom crítico, o caso da candidata Luana, que ficou na 121ª colocação no concurso público, mas caiu para a 163ª posição após a aplicação das cotas raciais e de pessoas com deficiência (PCDs). Segundo ele, Luana o autorizou a mencionar seu nome. Azeredo destacou que a candidata, que sempre trabalhou com a mãe para sustentar a família, teve desempenho exemplar na prova, chegando a gabaritar disciplinas que, segundo o vereador, foram zeradas por alguns candidatos beneficiados pelas cotas. “Ela passa a ser penalizada por conta de um critério que não leva em consideração a realidade social”, afirmou. Para o parlamentar, situações como essa reforçam a necessidade de substituição das cotas raciais por cotas sociais, que, em sua visão, levariam em conta as reais condições econômicas dos candidatos, independentemente da cor da pele.

O pronunciamento do vereador ocorreu no contexto da nomeação dos primeiros aprovados no concurso público realizado pela Prefeitura de Santa Cruz para a área da Educação. Após meses de espera, os editais de nomeação foram publicados no Diário Oficial em 28 de maio, contemplando 90 candidatos.

Contudo, o processo foi marcado por polêmicas. Azeredo relatou que recebeu diversas reclamações sobre a condução do certame, organizado pela empresa Consulpam. “Foi um concurso feito de forma atropelada, por uma empresa de fundo de quintal, sem competência. Um verdadeiro desserviço à população”, criticou.

Entre os principais problemas apontados pelo vereador estão erros na divulgação dos resultados, tanto na classificação geral quanto nas avaliações psicológicas. “Pessoas que estavam aprovadas saíram da lista. Outras, que não estavam, entraram. O edital foi corrigido duas, três vezes. Isso é um desrespeito com quem se preparou, pagou a inscrição e depositou expectativas nesse processo”, lamentou. Azeredo informou que a empresa será responsabilizada pela Prefeitura, conforme garantia recebida do secretário de Administração, Mateus. “Multas serão aplicadas. Essa empresa vai responder pelo que fez”, afirmou.