Polícia

“Miguel era um empecilho para elas”, afirma delegado durante júri de menino torturado e morto em Tramandaí

Publicado em: 04 de abril de 2024 às 14:03 Atualizado em: 30 de abril de 2024 às 19:39
  • Por
    Eduardo Elias Wachholtz
  • Fonte
    TJ/RS
  • Foto: Juliano Verardi – DICOM/TJRS
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    Corpo, que não foi encontrado, teria sido arremessado em um rio no Litoral Norte

    O primeiro dia de julgamento das duas mulheres acusadas de torturar, matar e ocultar o corpo do menino Miguel dos Santos Rodrigues, de 7 anos, começou por volta das 9h30min. Yasmin Vaz dos Santos, mãe de Miguel, e Bruna Nathiele Porto da Rosa, companheira dela na época dos fatos, respondem pelos crimes de tortura, homicídio qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. O motivo seria que o menino atrapalhava o relacionamento delas. O corpo, que não foi encontrado, teria sido arremessado no Rio Tramandaí.

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    Os trabalhos são realizados no Salão do Júri do Foro da Comarca de Tramandaí, no Litoral Norte gaúcho, e devem ter dois dias de duração. O Tribunal do Júri é presidido pelo Juiz de Direito Gilberto Pinto Fontoura, titular da 1ª Vara Criminal da Comarca, e composto pelo Conselho de Sentença (sete jurados). Pela manhã, houve o sorteio dos jurados (cinco homens e duas mulheres) e a oitiva da primeira testemunha de acusação.

    Testemunhas

    A Polícia Civil acredita que Miguel foi morto dentro do apartamento em que morava com a mãe e a madrasta, em Imbé, colocado dentro de uma mala e o seu corpo jogado nas águas do Rio Tramandaí. A primeira testemunha ouvida em plenário foi o delegado de polícia Antônio Carlos Ractz Júnior, arrolado pela acusação. O policial, que coordenou as investigações na época dos fatos, concluiu que o menino Miguel sofria intensa tortura física e psicológica pela mãe e pela madrasta. E que mataram a criança intencionalmente por considerá-la "um estorvo".

    Ele citou que o menino era forçado a escrever em um caderno frases que o depreciavam, apanhava, ficava acorrentado dentro de um roupeiro e trancado em um poço de luz, recebia uma alimentação escassa, era dopado, quase não tinha brinquedos, nem roupas. "Miguel era um empecilho para elas, era um peso", afirmou o delegado.

    Segundo Ractz, pelo fato de a criança ser desnutrida e ter um peso abaixo do padrão, o corpo dela cabia dentro da mala, havendo material genético dela dentro do acessório, conforme comprovado por meio de perícia. Apesar das buscas, durante 45 dias, o corpo da vítima não foi encontrado.

    O julgamento está sendo transmitido ao vivo pelo canal do TJRS no YouTube e seguirá no turno da tarde.