Polícia

Em menos de dois meses, sete reconciliações

Publicado em: 03 de julho de 2017 às 09:33 Atualizado em: 19 de fevereiro de 2024 às 14:50
  • Por
    Guilherme da Silveira Bica
  • Fonte
    Portal Arauto
  • Foto: Luiza Adorna / Portal Arauto
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    Inaugurado no início de Maio, Núcleo de Mediação de Conflitos investe na solução pacífica

    Adair e Marilice dos Santos tem 15 anos de casados e vinham há algum tempo convivendo com problemas familiares. Em casa, o relacionamento não vinha bem, com constantes discussões. O conflito entre o casal vinha prejudicando principalmente o relacionamento dos pais com os três filhos. O problema foi se tornando insustentável, até que a esposa Marilice resolveu procurar a polícia. Como não conseguiam resolveu as desavenças de forma amigável, Marilice encontrou no programa de mediação de conflitos a solução.

    Chamados para audiência na Delegacia da Mulher na última semana, Adair e Marilice chegaram sem se falar, mas saíram reconciliados e com o objetivo de mudar de vida. "Fizemos aqui algo que não conseguíamos fazer em casa. Olhamos um para o outro, conversamos, dialogamos. Aqui eu pude entender o que ela queria e ela viu também o meu lado. Saímos da audiência com o objetivo de retomar a harmonia no ambiente familiar", conta Adair.

    E esse caso não foi o primeiro em que o Núcleo de Mediação obteve sucesso. Em dois meses de atuação, o projeto já ajudou na reconciliação de outros seis casais e em um caso entre pai, filho e neto. Em apenas uma situação houve reincidência, o que não diminuiu o destaque que iniciativa vem tendo. "Estamos muito satisfeitos com o resultado. Nosso grande objetivo, o de guiar as pessoas para uma convivência pacífica, de clarear a visão dos envolvidos, está sendo alcançado", disse a coordenadora do projeto e titular da Delegacia da Mulher, delegada Lisandra de Castro Carvalho. “ Aqui, as pessoas se sentem mais seguras pra poder olhar pro outro e ouvir o que o outro tem a falar. Oportunizamos a fala dos dois lados, sem questionar e sem julgar. Não estamos interessados nesse momento em julgar quem tem razão", afirma.

    Como funciona

    Inaugurado oficialmente em 10 de maio de 2017, o Núcleo de Mediação de Conflitos visa aproximar polícia, vítima e agressor, para que casos pequenos sejam resolvidos no diálogo. Os casos enquadrados no programa são aqueles em que a vítima precisa representar contra o acusado, tais como injúria, calúnia e difamação, sem incluir agressão física. "Tudo começa no registro da ocorrência, quando a vítima já pode apontar se quer ou não a mediação. Em caso de aceitar, um policial diz as regras e depois vai até o acusado propor o encontro. O acusado também tem que ter um bom perfil, sem antecedentes, afinal o programa é feito para pessoas de bem e que estão passando por uma fase difícil na vida se entenderem. Após isso, se as partes se interessaram a audiência é marcada imediatamente", explica a delegada.

    Os encontros ocorrem sempre nas quartas-feiras, na sede do Centro Integrado de Segurança Pública e Cidadania, com a presença da delegada e de um policial. A decisão final é dita em consenso pelos envolvidos no final do encontro. Mesmo com a conciliação o caso segue sendo monitorado por um período de 60 dias. Se a convivência estiver de acordo com as condições do acordo, o inquérito é remetido sem indiciamento. Já a esfera civil fica a critério do casal. "Se optarem pela separação, em caso de casal, não é a polícia que vai decidir quem vai sair de casa. Com a mediação incentivamos que venha deles essa definição", diz.

    Se o acordo não foi cumprido a acusação volta para a esfera criminal. O contato com a Delegacia da Mulher pode feito no horário de expediente pelo 3713 4340 ou 3711 4513. O telefone de atendimento 24 horas é o 197.

    *As identidades das pessoas citadas no início da reportagem são fictícias e foram preservadas a pedido do casal.