A despedida de uma professora que viveu plenamente seus 93 anos, ao lado da família que constituiu e que certamente a honrará
Nascida e criada na Linha Henrique D’Ávila, interior de Vera Cruz, filha do agricultor Armando Schneider e da professora Rosália Freitas Schneider, a bela menina Ledy cativava a todos e lá iniciou seus estudos.
Quando adolescente foi recebida na família Luis Beck da Silva, em Santa Cruz do Sul, onde recebeu fina educação e teve a oportunidade de estudar, tornando-se professora.
Na serra do Alto Castelhano encontrou o amor de sua vida. Apaixonada pelo filho mais velho da família Wagner, o Hildor, mudou-se para a localidade de Linha Quilombo, interior de Candelária.
O verde do potreiro, onde pastam algumas ovelhas e outros animais, forma uma só tela com os morros que circundam o lugar, ouvindo-se ao fundo a água cristalina que serpenteia entre as pedras, delícia das crianças no calor de dezembro.
Não sabendo falar em alemão, deu um jeito de comunicar-se com as crianças e as famílias em um lugar em que só se falava alemão. E cuidava muito bem de seus alunos: eram unhas, cabelos, higiene…
No meio daqueles morros, com seus ensinamentos, ajudou a mostrar o caminho para muitos alunos e para aquela numerosa família de dez filhos de Lindolpho Wagner, não permitindo que se acomodassem. Formaram-se várias professoras e técnicos agrícolas, a maioria chegando à faculdade.
Com muita dedicação, ela própria formou uma médica e uma dentista, sufocando no peito a saudade e preocupação com suas filhas a 400 km de distância, em Pelotas, numa época em que não havia telefone.
Teve a ventura, ainda, de ver três netas formarem-se em medicina, além de outros sobrinhos.
Quando a família está toda reunida, considerando maridos e namorados, contei dezessete médicos, quatro dentistas, duas enfermeiras, músicos, políticos, advogados, além de outras especialidades.
Como um imã, ela e o marido Hildor atraíam todos os familiares e amigos para aquele belo lugar, juntando a enorme família em grandes festas de natal daquele que, segundo as crianças, é o melhor natal do mundo.
Já aposentada, há 25 anos atrás veio morar em Vera Cruz e sempre amável e alegre, granjeou novas amizades e pôde conviver mais de perto com as duas filhas, quatro netos e dois bisnetos,
Após longo sofrimento, devido à doença degenerativa neurológica, aos 93 anos e dois meses chegou a hora de sua partida. Deus a quer junto dele. É hora de reunir-se a seu amor querido que a precedeu nessa jornada, seis anos atrás.
O céu certamente está em festa com sua chegada, reencontrando seu marido Hildor, o vô Lindolpho, a vó Paula, seus pais Armando e Rosália e outros parentes e amigos que a antecederam.
Adeus, professora!
Soubeste dar o exemplo a todos.
Cumpriste tua missão.
Descanse em paz, que bem o mereces.
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