Paulo Paim conversou com o Portal Arauto sobre as investigações da reforma
Instaurada no dia 26 de abril, a CPI da Previdência Social pouco é falada na mídia, mas está em destaque no Senado. Em pouco tempo, a Comissão Parlamentar de Inquérito investiga a Reforma da Previdência Social e já detém importantes informações. Das 27 assinaturas que o presidente Paulo Paim precisava, ele conseguiu 62. E assim, conquistou a instalação da CPI. Agora, luta para provar que a Previdência não tem problemas financeiros e sim desvios de recursos. O senador Hélio José foi escolhido como relator da Comissão e o senador Telmário Mota como vice-presidente. As conclusões serão remetidas ao Ministério Público, para que seja promovida a responsabilização civil e criminal dos infratores.
“Até o momento, é 90% concluído que não há déficit e sim uma roubalheira e desvios de recursos. Eles não usam o dinheiro da previdência para a previdência. Eles desviam para outros fins”, diz. Para Paim, grandes sonegadores foram os responsáveis pela dívida acumulada de mais de 500 bilhões de reais. “O caminho não é essa reforma cruel que assalta, mais uma vez, os aposentados e trabalhadores do campo e da cidade. É um problema de gestão, fiscalização, combate à fraude”, destaca.
Próximos passos
A CPI tem o objetivo de escancarar a verdade para a população. Para isso, a Comissão ouve testemunhos e convoca os maiores devedores para prestar depoimento. Nos próximos dois meses, eles pretendem terminar um ciclo de ouvir e, se precisar, pretendem chamar para depoimento seja quem for. “Depois disso, podemos realizar o relatório e entregar para provar que o déficit da previdência é uma farsa”, declara Paim.
JBS deve 2 bilhões
Responsável pelas delações sobre o presidente Temer que abalaram o Brasil e o mundo nas últimas semanas, a JBS S/A, dona da Friboi, deve mais de 2 bilhões de reais para a Previdência, segundo Paulo Paim. “O dinheiro que deveria ser pago para a Previdência, eles deram para financiar campanhas de partidos políticos. Nós queremos saber o porquê disso e quem foram os beneficiados e o motivo da JBS continuar não pagando o que deve para a previdência”, questiona. O grande problema, segundo Paim, é que as renegociações são feitas em cima de antigas renegociações, fazendo com que a Previdência não receba, mas os trabalhadores continuem pagando.
“São caloteiros”
Diante de todos os fatos já apurados pela CPI, Paulo Paim é contundente em dizer: “São caloteiros”. Foram ouvidos procuradores da fazenda, auditores fiscais e analistas. Segundo Paim, há em torno de dois mil procuradores para fazer as cobranças devidas. Mas, seria necessário dez mil para fiscalizar o universo de empresários do Brasil que não pagam corretamente a Previdência. “Temos que dobrar o número”, destaca.
“Não há necessidade de Reforma”
De acordo com Paulo Paim, presidente da CPI, o dinheiro da Previdência é utilizado para outras coisas. “Nós estamos apontando que o caminho é fazer com que a receita fique concentrada. Se as setes fontes ficarem na Previdência, não será necessária essa reforma fraudulenta, maldita, truculenta e contra o povo brasileiro”, define. Segundo Paim, não há dúvidas sobre os desvios e eles não são poucos.
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