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Família que se refugiou no telhado e em caixa d’água relata: “somos sobreviventes”

Publicado em: 01 de maio de 2024 às 16:40 Atualizado em: 01 de maio de 2024 às 17:05
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    Portal Arauto
  • Família permaneceu horas em cima da casa até a chegada do resgate | Foto: Grupo Arauto
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    Cinco pessoas, moradores de Linha do Rio, Candelária, viveram um filme de terror. Era 6 horas da manhã de terça-feira quando a água começou a entrar na residência e às 10 horas já estava batendo no joelho. Parecia que ia dar uma trégua, mas voltou a subir e com força, até que a casa começou a estralar, como narraram. Os mais idosos, Armando Ritzel, 69 anos, que teve um AVC, e Olandina Goettems, 67, foram colocados sobre o telhado pelo filho, Daniel Ritzel. A esposa, Tatiana Brum Brito, e o sobrinho, Rafael Ritzel Padilha, acabaram subindo numa árvore e se refugiando numa caixa d’água vazia. “Vimos que não tinha mais salvação, chegamos a perder a esperança e achamos que iríamos morrer de hipotermia. Só com Deus”, desabafou Tatiana, relembrando cada cena em sua mente.

    Foram horas de desespero, batendo panela para fazer barulho e chamar atenção do resgate, do bote do Exército, “mas com a vegetação das árvores não nos viam. Vimos as casas dos vizinhos sendo carregadas pela água e pensamos que seríamos os próximos”, narra ela. Tatiana chegou a telefonar para sua comadre, em Candelária, pedindo que cuidasse de seus filhos, de cinco, 10 e 13 anos, que haviam sido levados mais cedo, sãos e salvos: “acho que não vamos sair, não vou ter coragem de me despedir deles”, declarou, emocionada, quando achou que não tinha mais forças para suportar.

    Em questão de minutos, ela viu o resgate se aproximado, chegou próximo das 16 horas e, exaustos e encharcados, todos foram encaminhados direto ao HVC e, mais tarde, ao Guidão, em Vera Cruz. A família conta que perdeu o patrimônio de uma vida inteira, foi resgatada com a roupa do corpo e alguns documentos. Mas em Vera Cruz, além das doações necessárias, receberam acolhimento, carinho, e levarão gratidão. “Somos sobreviventes”, assinalaram.