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Advogado relata angústia ao tentar resgatar esposa em meio a enchente em Rio Pardinho

Publicado em: 28 de maio de 2024 às 10:37 Atualizado em: 28 de maio de 2024 às 10:38
  • Por
    Emily Lara
  • Colaboração
    Eduardo Wachholtz
  • Foto: Mariana Schneider\Grupo Arauto
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    Adelma Jaeger ficou 12 horas agarrada em uma árvore

    O advogado Áureo Luiz Jaeger compartilhou momentos de angústia e desespero enquanto tentava resgatar sua esposa, Adelma Jaeger, durante as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul desde o final de abril. O casal era residente da localidade de Recanto do Sossego, na área do antigo Balneário Panke, em Rio Pardinho, interior de Santa Cruz do Sul.

    Na segunda-feira, 29 de abril, Áureo estava trabalhando na cidade quando, ao tentar retornar para sua casa e resgatar sua esposa, foi impedido pelo avanço das águas que obstruíam todos os acessos. “Os acessos todos estavam tomados de água, então eu tentei ir por Boa Vista e descer o morro, mas eu infelizmente não consegui descer com o carro”, disse.

    Na manhã seguinte, a situação tornou-se ainda mais crítica, com Adelma presa em meio à inundação. Com a ajuda de amigos, Áureo conseguiu um barco e retornou à localidade, mas a correnteza forte impossibilitou novamente o resgate. “O motor do barco não aguentou e estragou. A hélice quebrou. Estava chovendo muito, já tínhamos caminhado rio adentro com a água no peito para conseguir chegar até eles, mas não dava”, ressaltou.

    Foi quando Eduardo Diehl, morador próximo da localidade, ofereceu ajuda com um trator. Por volta da 2h da madrugada de quarta-feira (1º), a correnteza finalmente diminuiu, permitindo que Áureo e outros voluntários tentassem novamente o resgate. “Começamos a nos enfiar naquela lama e foi aí que avistamos atrás dos eucaliptos uma luminária”, revelou. Quem estava lá era o pedreiro Mauro Froemming, de 53 anos, que havia passado cerca de 12 horas em uma árvore antes de ser resgatado pelo seu vizinho.

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    Na entrevista, o advogado contou também momentos vivenciados pela esposa na tentativa de lutar contra a água para sobreviver. Enquanto o nível do Rio Pardinho subia, Adelma estava em uma casa com mais dois vizinhos e cinco cães. A estrutura desabou, levando todos rio abaixo. As pessoas conseguiram se agarrar em árvores próximas, onde passaram mais de 12 horas esperando para serem resgatadas.

    “Caiu o telhado e ela foi para o fundo. Ela somente sobreviveu porque estava com um casaco de tactel , que criou uma bolsa de ar. Ela não sabia nadar, então foi para o fundo e o casaco trouxe ela de volta. Ela agarrou um botijão de gás que passou, mas então caiu uma parede encima dela, fazendo ela perder o botijão e ir novamente para o fundo”, contou.

    Mas, após muita luta para sobreviver, Adelma conseguiu se agarrar em uma árvore, que também não aguentou e foi levada pela correnteza. Por fim, ela conseguiu se agarrar em um coqueiro. “Foi esse coqueiro que salvou a vida dela”, concluiu.

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    Confira a entrevista completa em vídeo: