História de 142 anos é marcada por intenso trabalho de quem queria um futuro mais próspero do que o passado
A qualidade de um local certamente diz muito sobre o povo que nele vive. Em Santa Cruz do Sul, não é diferente. Desde o início, com a colonização alemã em Alte Pikade (atual Linha Santa Cruz), os moradores tiveram sede de crescimento, inovação e empreendedorismo. Foi assim que o município prosperou e tornou-se a terra da Oktoberfest, do tabaco, dos eventos, das indústrias e das pessoas que seguem acreditando.
Para relembrar um pouco da trajetória de Santa Cruz do Sul, no dia do aniversário de 142 anos, a coluna Feed de Negócios entrou em contato com José Antonio Moraes do Nascimento, coordenador do Centro de Documentação (Cedoc) da Unisc, para ter acesso a fotos históricas e conversou com dois pesquisadores. Olgário Vogt e Paulo Trinks resgataram o comprometimento de uma comunidade que, desde 1849 – com o início da colonização – ou desde 1878 – com a emancipação do município – tem no trabalho sua principal inspiração. Seja na construção de igreja e escola logo após a chegada dos imigrantes ou seja no olhar visionários daqueles que iniciaram empresas que fizeram ou fazem história.
Conforme Olgário Vogt, juntamente com o desenvolvimento de Linha Santa Cruz, houve a preocupação em criar um centro urbano. "O diretor da colônia providencia com o governo da província que se estabeleça um local para ser a sede administrativa do povoado. Foi quando pensaram na construção da Catedral São João Batista e quando surgiram os pequenos comércios", conta. A partir disso e da chegada de infraestrutura, como luz, água, energia e telefone, pequenos empreendimentos – praticamente todos artesanais – transformam-se em indústrias.
As primeiras delas surgem a partir de dois segmentos: o beneficiamento de banha de porco e tabaco, produto importante para a região até hoje. O primeiro, conhecido no passado como "ouro branco", originou nomes como Ever & Cia e Baumhardt Irmãos Ltda – que se tornaria a Excelsior Alimentos. Já no ramo do tabaco, Companhia de Fumos Santa Cruz, The Brazilian Tobacco Corporation (antecessora da Souza Cruz), Tabacos Tatsch, Cigarros 35 Ltda e Sudan de Tabacos foram alguns dos nomes importantes do período e citados por Vogt.
A chegada dessas companhias e o desenvolvimento rural trouxeram ainda outra necessidade. "Para que as empresas pudessem fazer a transformação e o interior pudesse plantar, surgem indústrias de maquinários que marcaram época em Santa Cruz do Sul", relata. Entre elas, Carlos Schreiner, Rodolfo Binz e Gruendling Irmãos. Estabelecimentos que se destacaram e foram essenciais na construção da história do município.
História que deve e merece ser lembrada. Afinal, como diz Paulo Trinks, o futuro é feito em cima do passado. "Aquele que tem história respeita, guarda e relembra. Aquilo que estava certo, você continua fazendo. Aquilo que estava errado, você muda", destaca. Por isso, tanto no interior quanto na cidade, cada ponto de Santa Cruz do Sul reflete a vida e a trajetória de um povo que, em todas as décadas, acreditou no potencial do município para empreender e construir sua história.