Jornalista relembra momentos com a "oma" e conta como tem seguido a rotina após o falecimento da matriarca
“Tenho certeza que a oma moldou meu caráter, minha personalidade e minhas preferências”, reflete a jornalista, Bárbara Henrich Corrêa, 31 anos, sobre a avó Grete Waldow Henrich, que faleceu aos 88 anos.
Bárbara conta que a oma, como era chamada por familiares e amigos, era independente e tinha uma rotina própria, onde fazia suas atividades sozinhas. Conforme a neta, Grete amava aprender coisas novas, mas também ficava feliz com o conhecimento e as atividades que já dominava. “Ela era muito grata, sempre estava feliz e tudo estava bem. Se ela estava em casa estava bem, se tinha que sair estava bom. Eu nunca escutei a minha oma reclamar, dizer que a vida estava difícil ou que as coisas não davam certo.”
Para a moradora de Lajeado, a avó tinha um dom para enxergar a vida de uma forma bonita e de transmitir isso para as pessoas do seu convívio. “Ela tinha muita sabedoria e sempre tinha um conselho incrível para nos dar. As frases que ela dizia eram sempre aquilo que precisávamos ouvir. Se tu ligava para reclamar da chuva, ela tinha um conselho. Se fosse para falar do casamento, outro conselho”, relembra emocionada.
Sobre ter a presença de avós, Bárbara diz que foi um privilégio poder conviver tanto com Grete quanto com a avó paterna, mesmo esta tendo falecido ainda mais cedo. A jornalista reforça que sua relação com a oma era incrível, mesmo com a distância física. “Eu ligava todo dia e com as redes sociais nos mandávamos áudios o tempo todo. Ela via uma notícia e me mandava mensagem avisando. O minha oma me ensinou tudo. Foi com ela que aprendi a fazer chimarrão, a plantar e a cuidar da terra, a valorizar os idosos. Ela me ensinou a enxergar a vida de uma forma diferente.”
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Para a jornalista, o fato da avó ter vivenciado a Segunda Guerra Mundial a fortaleceu e a fez dar valor para coisas cotidianas, que, muitas vezes, passam despercebidas. “Do jeito dela, ela ensinava coisas imensas sobre a vida”, frisa. Para Bárbara, uma das principais lições está associada a valorizar e estar atento sobre o que está perto, sobre aquilo que verdadeiramente importa e isso tem se fortalecido mesmo após o falecimento de Grete, que ocorreu em novembro do ano passado.
“Até antes de sua partida ela já nos ensinava sobre ausência, quando falava dos parentes que perdeu, mas da importância de continuarmos fortes. Graças a Deus a gente pode gravar muito, anotar e assim eu consegui guardar ela de infinitas formas. Eu sou muito grata por tudo que ela me ensinou e por ela ter existido”, salienta. “Se eu não tivesse vivido com a minha oma, do jeito que eu vivi, não sei o que seria de mim hoje. Minhas referências familiares sempre foram estruturadas na minha oma, que era uma pessoa doce, simples e leve.”
Vomo que Vomo
Bárbara Côrrea é criadora do projeto Vomo que Vomo, que visa ensinar autonomia digital para pessoas da melhor idade. A iniciativa surgiu como forma de auxiliar a avó a conseguir interagir com as redes sociais e, assim, manter o contato com amigos e familiares que moravam em outras cidades. “É um projeto que foi totalmente estruturado por e para ela, porque foi a oma que me inspirou a enxergar como os idosos podem viver a tecnologia de uma forma diferente”, detalha.
Após o falecimento da avó, a jornalista precisou significar a proposta, mesmo diante da saudade diária. “Ficou um pouco sem sentido, mas tenho retomado as aulas, o projeto com as empresas e aos poucos tem funcionado. Até porque, também estou fazendo isso por ela, para continuar levando esse encorajamento digital como ela queria, como ela, por iniciativa própria, começou.” Após o falecimento de Grete, a família descobriu que o pai de Bárbara tem demência. Diante disto, todos os recursos arrecadados com o projeto Vomo que Vomo estão sendo revertidos para auxiliar no tratamento.
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