Colunista

Daiana Theisen

Conversa de mãe

Ouvido seletivo

Publicado em: 19 de abril de 2024 às 10:57 Atualizado em: 15 de maio de 2024 às 15:47
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Você também tem a sensação de que seu filho(a) escuta quando quer e apenas o que lhe convém? Acontece que quando a gente fala, eles normalmente não escutam, especialmente se o pedido é para fazerem alguma rotina de que não gostam. E quando eles não devem escutar, considerando que o assunto não lhes diz respeito, não só ouvem como entendem tudinho.

Existe uma incoerência grande na questão da audição das crianças, vamos ver se você concorda comigo. Acontece que quando a gente fala, elas normalmente não escutam, especialmente se o pedido é para fazerem alguma rotina de que não gostam. E quando elas não devem escutar, considerando que o assunto não lhes diz respeito, elas não só ouvem como entendem tudinho.

É assim por aí também? Podemos pedir uma dezena de vezes para irem para o banho, para arrumarem o quarto e assim por diante, mas basta estarmos tendo uma conversa entre adultos para a atenção se voltar ao nosso assunto. Audição seletiva?

Quantas vezes sua criança já opinou sobre assuntos que ela nem deveria ter ouvido? Quantas vezes você já se pegou pensando, ‘mas de onde ela tirou isso?’. Garanto que também já existem alguns códigos entre os adultos da casa, algumas trocas de nomes ou utilização de adjetivos na tentativa de fazê-las não saberem de quem ou do quê estamos falando.

Quando eu era criança, falar em alemão era o sinal de que a conversa não era para os pequenos. Por mais que me esforçasse – curiosa que sempre fui -, não fazia ideia do que estavam falando, se era bom ou ruim, xingamento ou elogio. E também sabia que nem deveria me atrever a perguntar. Utilizar-se da língua alemã na minha casa hoje não funciona, mas caso vocês dominem esse ou algum outro idioma que seja desconhecido da criança, pode ser uma opção (risos). Perceba que, apesar dos tempos mudarem, tem coisas que não mudam, apenas são aperfeiçoadas.

Por diversas razões é tão importante ter este cuidado, por mais engraçado que possa parecer. A questão não é ter segredos, mas sim evitar assuntos aos quais a criança não deve ter contato em momentos em que, sim, ela estará prestando atenção, por mais que esteja brincando ou assistindo a televisão aparentemente muito concentrada. Evite, para não ter surpresas. Lembrando sempre que criança precisa de bons exemplos, criança precisa de atenção e criança precisa de limites. E quem oferece tudo isso a elas, acima de tudo, são os seus pais. Vem de casa.