Geral

Empresária acusa guardas municipais de uso excessivo de força em Santa Cruz; Prefeitura rebate

Publicado em: 12 de junho de 2024 às 14:55 Atualizado em: 12 de junho de 2024 às 17:42
  • Por
    Emily Lara
  • Colaboração
    Eduardo Wachholtz
  • Situação foi registrada na Rua Sete de Setembro, nas proximidades da Praça da Bandeira | Foto: Emily Lara/Portal Arauto
    compartilhe essa matéria

    Situação registrada na madrugada de domingo para segunda-feira, na Rua Sete de Setembro, resultou na prisão de dois homens

    A empresária Tatiane da Silva Gonçalves, proprietária do Boteco Spettu’s Beer, estabelecimento que fica na região central de Santa Cruz do Sul, procurou a reportagem do Portal Arauto para denunciar o que ela considerou como uso excessivo de força por parte de agentes da Guarda Municipal e de Trânsito durante uma abordagem realizada no fim de semana. A situação foi registrada na madrugada de domingo (9) para segunda-feira (10), na Rua Sete de Setembro, nas proximidades da Praça da Bandeira.

    Segundo Tatiane, ela, o marido e três funcionários estavam saindo do estabelecimento por volta de 1h10min, dirigindo-se ao carro estacionado na praça, quando cerca de dez agentes da Guarda Municipal começaram a dispersar as pessoas que estavam na região. Contudo, ainda de acordo com a empresária, a abordagem foi feita de maneira hostil. Ao tentar entrar no carro, Tatiane foi abordada. “Ele [um guarda] foi extremamente agressivo, me humilhou. A única reação que eu tive foi perguntar o que estava acontecendo. Não havia nada que justificasse a vinda deles. A praça não estava mais cheia, os bares todos fechados”, disse.

    Para Tatiane, a situação se agravou quando um cliente do bar, Ruben Quintana, tentou intervir e foi detido. Tatiane contou que outro homem, Anderson Luis Grazel, que não estava envolvido inicialmente, foi preso ao chegar para socorrer uma amiga que estava passando mal. “A minha colaboradora começou a passar mal porque viu a situação tensa. Ligamos para um amigo tirar ela daquela situação. No momento que ele chegou para saber o que estava acontecendo, a guarda simplesmente atirou ele no chão e cinco pessoas montaram em cima dele”, contou. “Fomos à delegacia e registramos um boletim de ocorrência, mas até agora não recebemos explicações claras sobre o que aconteceu. Eu estava saindo do meu trabalho e fui tratada dessa forma. Minha preocupação é como eles tratam as outras pessoas. Eu exijo uma postura diferente. […] E minha revolta é com a conduta, que já estamos sofrendo isso há muito tempo”, completou.

    A confusão resultou na prisão de Ruben e Anderson, que foram levados ao hospital e posteriormente à delegacia, onde ficaram detidos até às 6h.

    Segundo Ruben, ele estava indo embora quando percebeu a situação.“A alteração toda se deve porque eu fiquei indignado com a atuação deles. Pegaram pessoas do bem, trabalhadores”, expressou. Ele alegou ainda inverdades registradas no boletim de ocorrência. “Há uma série de absurdos sobre eu falar palavrões e ofensas para eles. É mentira, isso não aconteceu. Não teve desacato. Há uma série de contradições”, afirmou.

    Anderson contou que saiu do trabalho e estava a caminho de casa, quando recebeu uma ligação para buscar a amiga que estava passando mal. “Fui até o proprietário do bar para falar que ia tirar ela dessa situação, quando me perguntaram quem eu era e eu respondi que era um cidadão que veio buscar aquela senhora. Nesse momento já falaram para algemar os dois. Não imaginava que era eu, mas foi aí que já pularam três em cima de mim. […] É um susto que a gente toma. Não estamos acostumados a lidar com uma situação dessa. Vieram mais dois e me derrubaram, pisaram na cabeça e me algemaram”, relatou.

    No boletim de ocorrência, consta que o local da confusão foi o bar AbraCachaça, na Rua Marechal Floriano, mas a empresária afirma que o fato aconteceu na Sete de Setembro. “Está tomando uma proporção tão grande que está sendo totalmente modificada a história. O bar dele já estava fechado duas horas antes de eu fechar o meu bar. O proprietário nem estava mais lá. Não tinha nenhum vínculo com isso. Usaram no boletim de ocorrência o endereço errado”, disse.

    A reportagem procurou a Administração Municipal que informou que “a Secretaria de Segurança e Mobilidade Urbana (Sesmob) do município de Santa Cruz do Sul, através da Guarda Municipal, em conjunto com a Brigada Militar, executou, durante o último final de semana, operação com foco voltado à perturbação do sossego público, infrações de trânsito e possíveis crimes no entorno da Praça da Bandeira. As atividades foram realizadas na sexta (7), sábado (8) e domingo (9) a noite”. 

    “Sobre a suposta truculência na abordagem da Guarda Municipal, a Sesmob informa que todas as atividades foram acompanhadas pelo sistema de vídeo-monitoramento e não se verificou nenhuma irregularidade quanto ao procedimento operacional padrão da Guarda Municipal durante as atividades. A Sesmob ressalta que preza pelo absoluto cumprimento da lei nas atividades da Guarda Municipal e que a ouvidoria da instituição é o canal para formalizar qualquer tipo de desvio na conduta dos integrantes da corporação. A secretaria permanece à disposição para os demais questionamentos que forem julgados pertinentes”.