Dulce dos Santos Silveira, aos seus 97 anos, é uma testemunha viva da história do Rio Grande do Sul. Residente na cidade de Rio Pardo, ela não é estranha às inundações que assolam a região. Em 1941, quando a enchente histórica varreu o estado, Dulce estava lá.
Naquela época, ela morava no interior de Rio Pardo, na localidade de João Rodrigues, junto com outros oito irmãos. “Lembro que faltavam as coisas pra gente, vivíamos só do que a gente colhia. Foram 14 dias e 14 noites de chuva, não dava nem para sair para a rua“, recorda Dulce.
Naquela época, a sobrevivência era uma questão de improvisação e solidariedade. A alimentação era feita com produtos que os próprios moradores colhiam, enquanto os vizinhos passavam com suas embarcações, uma visão que, mesmo após tantos anos, ainda permanece em sua mente.
“A gente só sabia notícias de Rio Pardo, porque de outros municípios não tinha. Alguns vizinhos tinham rádio e passavam algumas informações, mas tudo daqui“, compartilha , destacando a comunicação limitada que caracterizava aqueles tempos difíceis.
Agora, décadas depois, a história se repete. Dulce, com sua sabedoria quase centenária, observa a enchente de 2024, uma catástrofe ainda maior do que aquela que ela testemunhou em sua juventude. “Me levaram para ver como ficou a situação da enchente agora. Eu me surpreendi. Pensei que era um cobertor na água e era o telhado de uma casa“, conta ela.
Sua experiência é agravada pelo fato de que sua filha, residente em Canoas, está enfrentando as mesmas dificuldades. “Tenho uma filha em Canoas e que está com a casa inundada agora“, revela.
Confira a entrevista em vídeo:
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