Calor e falta de chuva previstos com a La Niña fazem o tabaco ir mais cedo às lavouras para evitar danos e facilitar a colheita
A tradição de plantar tabaco entre o final de julho e o mês de agosto pode ser afetada em 2024. Com o fim do El Niño e a chegada do La Niña, o clima em todo o Rio Grande do Sul passará por uma mudança brusca e repentina. As chuvas, volumosas e até desastrosas dos últimos meses, devem diminuir consideravelmente e previsões de uma estiagem como vista em 2022 não está fora de cogitação.
Conforme explica o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais na Agricultura Familiar de Vera Cruz, Cristian Wagner, a tendência de antecipação do plantio de tabaco já surgiu há alguns anos. “Isso ocorre em razão das estiagens do final do ano e a questão do pessoal tentar fugir do calor. Teve gente que, inclusive, já plantou em abril. Mas em função de toda essa situação da chuva que nós tivemos em maio, praticamente o mês inteiro de maio com muita chuva, esse fumo não está se desenvolvendo”, destaca Wagner. “E também, do outro lado, houve muitas pessoas que não conseguiram organizar o solo para este período”.
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Wagner salienta que a preparação do solo deve ficar, em sua maioria, para junho e julho. “O solo hoje está muito encharcado, prejudica tanto o preparo dele como o plantio. Estamos tendo aí poucos períodos de sol, muitos períodos nublados, fechados, e isso prejudica muito para o solo secar, o que impede também a entrada com o maquinário”, lamentou o presidente do STRAF.
Que faça sol!
Cristian Wagner explica que a seca traz gargalos ao tabaco, mas a chuva em excesso é um problema muito mais prejudicial. “A estiagem impede que o fumo não se desenvolva como deveria, ele não cria tamanho como em anos normais. Mas a chuva em excesso, no entanto, cria muitas doenças, prejudica o tabaco com fungos”, pontuou. “O problema realmente é o calor. O que acabou acontecendo nos últimos tempos, em função das altas temperaturas que ocorreram em dezembro, janeiro e fevereiro, e por vezes até mais cedo, em novembro. Os agricultores anteciparam o plantio para, quando chegar em dezembro, já não ter mais tabaco nas lavouras”.
De acordo com Wagner, o solo para enfrentar um período quente e seco deve ser praparado com certas particularidades. “Deve haver um mínimo de proteção, com plantas de cobertura. Isso ajuda porque o solo segura mais umidade, o que torna a situação mais positiva para o fumo. Quanto mais trabalhar com palhadas, com cobertura, melhor”, frisou. “Devemos ter um aumento, não em grande escala, na produção, pelos preços pagos no ano passado. Vejo até agricultores voltando a cultivar o tabaco em função disso”, vislumbra.
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