Nesta segunda-feira, completam dois anos do feminicídio que tirou a vida da mulher de 63 anos
Nesta segunda-feira (8), completam dois anos do feminicídio de Heide Priebe, ocorrido no Centro de Santa Cruz do Sul. A vítima foi assassinada em 8 de julho de 2022, pelo ex-companheiro Servo Tomé da Rosa, uma semana após ter solicitado medidas protetivas contra ele. Após balear Heide, Tomé da Rosa disparou contra si mesmo e ficou caído na via pública, onde populares retiraram seu revólver calibre 22, de origem argentina.
Para marcar a data e destacar a luta por justiça, o filho da vítima, Franklin Fetzer, concedeu uma entrevista ao Grupo Arauto, compartilhando a dor enfrentada nos últimos dois anos. “Esses dois anos foram muito difíceis, principalmente hoje que estamos revivendo novamente essa data, eu, meus irmãos e familiares. É uma dor e sentimento de perda, mas ao mesmo tempo a gente lembra com muito carinho da nossa mãe, da resiliência que ela tinha e da pessoa querida que era na comunidade”, lembrou.
Ele destacou que, apesar de toda a tristeza, a família precisou se readaptar. “É duro. Sabemos que um dia vamos perder os pais, mas nossa mãe não estava doente, não a perdemos por uma doença. Ela foi tirada brutalmente de nós em um ato covarde no pleno centro de Santa Cruz. Isso nos machuca muito, mas temos que ser fortes. Eu e meus irmãos seguimos o legado da mãe, de seguir em frente e lutando”, disse.
A família de Heidi adotou o lema de que a mãe não morreu, mas foi assassinada, utilizando as redes sociais e passeatas para chamar atenção da comunidade local sobre a violência doméstica. “Sempre que converso com alguém, digo que, se estiver passando por esse tipo de violência, deve tentar se afastar do agressor, pois ele pode fazer mal em algum momento. Foi o que aconteceu com minha mãe. […] Ela tinha rompido o relacionamento em janeiro, e a pessoa covardemente assassinou ela. Arquitetou toda a morte da minha mãe”, contou.
Franklin ressaltou também a importância do apoio familiar em situações de violência. “É importante que a família esteja ao lado para apoiar, que verifique e de atenção nessas questões que precisam ser sempre vistas. Às vezes, as pessoas não querem contar, mas a familiar precisa estar encima disso”, salientou.
O filho acredita que a justiça foi feita com a condenação, mas destacou que continua sua luta para que casos como o de Heide não se tornem apenas estatísticas. “Não é uma vitória, mas há um sentimento de justiça por saber que a condenação foi feita. […] Eu sigo confiante em relação à justiça, que ele vai permanecer preso e eu vou sempre lutar por justiça enquanto eu tiver forças. Eu sempre estou na luta por buscar justiça pela mãe, para que isso não fique impune. Não pode virar uma estatística”, colocou.
Sobre a vida após a morte da mãe, Franklin disse que nada nunca mais vai ser igual. “Eu não desejo isso para ninguém. Espero que ninguém viva o que nós vivemos. No dia 8 de julho de 2022, eu era uma pessoa, passado esse dia, sou outra. Não tem como tu seguir tua vida normal. […] A falta te lembra todos os dias, martela para sempre. Quando você pode se despedir de uma pessoa, é diferente. Mas de uma forma trágica, quando não dá.[…] Eu saí para trabalhar naquele dia, minha mãe me deu tchau, parece que se despediu. E depois, de noite, eu estava escolhendo o caixão da minha mãe. É triste”, concluiu.
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