Casal que perdeu tudo em incêndio planeja reabertura da empresa em Santa Cruz do Sul

Cerca de cinco meses após o incêndio que destruiu a empresa Dei’Lis Indústria Química, os proprietários Róver Dias e Fabiane Lopes dão início ao processo de reestruturação.

A empresa, que na época estava localizada no Centro de Passo do Sobrado, foi totalmente destruída. Dias também ficou ferido e teve queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau por diversas partes do corpo.

Foto: Eduardo Wachholtz/Grupo Arauto

Em entrevista ao Grupo Arauto nesta segunda-feira (8), o casal contou como foi o susto e os momentos seguintes, especialmente o primeiro atendimento do empresário. “Eu estava manuseando álcool para fazer o limpa vidros e houve um curto elétrico na bomba que fazia o bombeamento do álcool para o tanque. Eu estava segurando a mangueira naquele momento e o fogo subiu pela minha mão. Depois já não sei mais como descrever, porque foi uma correria”, relembra Dias.

Fabiane revela que estava em outro ambiente da empresa e só percebeu que as chamas também estavam no marido quando ele a chamou. “Eu comecei a bater com as minhas mãos nele para tentar apagar o fogo. Eu não pensei em nada, na hora a gente não pensa”, desabafa.

Diante da situação, Dias procurou um chuveiro existente na empresa e após apagar as chamas pediu para que a esposa o levasse até o posto de saúde, já que Passo do Sobrado não possui hospital. No local, recebeu os primeiros atendimentos e depois foi encaminhado ao Hospital Santa Cruz (HSC), onde residia antes de se mudar para o município vizinho.

O empresário ficou internado 45 dias na casa de saúde. Deste período, 13 foram entubados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em coma induzido. O procedimento foi adotado uma vez que Dias sentia muita dor e também para realizar o melhor atendimento. “Até o momento de chegar no Posto de Saúde eu estava bem, depois a adrenalina foi baixando e eu relaxei, e aí comecei a sentir dor. Foi indescritível, uma dor muito forte”, destaca.

Pós-incêndio

Após o período mais crítico, a equipe médica mantinha Dias sedado, como forma de minimizar as dores. “Quando me dei por conta e tive noção da situação, eu já estava com os ferimentos em cicatrização”, revela. Ele ainda passou mais 30 dias no Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre, para realizar os processos de enxerto. A casa de saúde é referência no Rio Grande do Sul.

Fabiane conta que sua maior preocupação, além da recuperação do marido, era como ele reagiria ao saber de tudo que aconteceu. Ela destaca que durante os dias hospitalizados, por conta da sedação, ele não compreendia de fato toda a situação. Após conversar com a psicóloga do hospital e com apoio do médico, Fabiane relatou os acontecimentos para Dias. “Acho que por conta da medicação ele teve uma reação tranquila. Mas foi mais um momento difícil.”

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Dias segue realizando fisioterapias e afirma que o processo de recuperação ainda será longo. Pelo menos seis meses até recuperar totalmente as pernas, que foram as mais atingidas pelas chamas. “É primeiramente agradecer por estar vivo, porque não precisei amputar e vou poder voltar a minha rotina normal, mesmo com sequelas”, comenta.

Para Fabiane, apesar dos momentos de apreensão, ver o marido bem e se recuperando é motivo para agradecimentos. Conforme o casal, a empresa será reativada, mas em novo endereço: no Distrito Industrial, em Santa Cruz do Sul. Ainda sem data definida para a reabertura, já que dependem do processo burocrático e da liberação de alvarás e autorizações, Fabiane e Róver acreditam em dias melhores e novas celebrações.

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