Embora, de fato, todos os impactos da tragédia climática que se derramou sobre o Rio Grande do Sul apareçam dentro de campo, é preciso ficar atento. Porque a verdade é que nas derrotas recentes da Dupla Grenal, estiveram muito nítidos traços que já se percebia antes da parada. São defeitos recorrentes, quase crônicos, para os quais a catástrofe climática pode servir de cortina de fumaça.
Ilusão de ótica. O Grêmio e o Inter voltaram a campo na última semana, depois de 1 mês sem jogar devido à enchente histórica que assolou e paralisou a vida dos gaúchos. Cada um fez um jogo por uma competição continental (Libertadores ou Sulamericana) e um pelo Campeonato Brasileiro. Nos dois casos, uma vitória e uma derrota. E se as vitórias foram muito comemoradas, porque de fato foram importantes e bem construídas, as derrotas foram absorvidas com alguma resignação, sem grandes contestações, com uma dose de conformismo com a realidade e as dificuldades.
E embora, de fato, todos os impactos do que aconteceu apareçam dentro de campo, é preciso ficar atento. Porque tanto na derrota do Inter, pela Sulamericana, como na do time reserva do Grêmio, pelo Brasileiro, estiveram muito claros e muito nítidos traços que já se percebia antes da parada. São defeitos recorrentes, quase crônicos, para os quais a catástrofe climática e tudo o que a parada trouxe não podem servir de cortina de fumaça.
Um time que se abala. Na sua volta às competições, o Inter saiu na frente do Belgrano e conduzia muito bem à primeira etapa. Até que, já passados dos 45 minutos do primeiro tempo, o time argentino empatou e virou. E uma vez mais, como em tantas outras nos últimos anos, o Inter sofreu um baque emocional que o paralisou.
O Inter não foi capaz de reagir, de se impor ou de segurar uma superioridade nítida até então. É claro que com ou sem as dificuldades do momento, o Inter é um time que emocionalmente se abate com muita facilidade. É um time que se perde na pressão e sai de momentos decisivos com muita facilidade. E quase sempre fragilizado.
Mais do mesmo. É verdade que era o time reserva. É verdade que depois de uma longa parda, faltaram condicionamento físico, ritmo de jogo, entrosamento e mentalidade competitiva. Mas o time apático e sem soluções, com enormes carências técnicas que o Renato teve de botar em campo contra o Bragantino, é o mesmo que raramente deu resposta, nesta ou em outras temporadas.
Para classificar. Com foco definido e inteiramente voltado à Libertadores, na noite desta terça-feira o Grêmio vai enfrentar o Huachipato, no Chile. Se perder, estará fora das oitavas de final. Se vencer, estará classificado e fará um último jogo, contra o Estudiantes, para consolidar o primeiro lugar do grupo. E se empatar, dependerá de vitória contra o time argentino, na última rodada, para chegar à fase eliminatória.
Para este jogo, o Renato terá os mesmos desfalques do Geromel e do Pavón, ainda fora por lesão, e do Villsanti, a serviço da Seleção do Paraguai. Menos mal que o Soteldo teve a sua permanência estendida, antes de se apresentar. Neste cenário, é bastante provável que o Renato repita a escalação e a estratégia de jogo da partida contra o The Strongest, deixando a velocidade do Gustavo Nunes e do Natan Fernandez para o segundo tempo, em caso de necessidade.
Foco no Brasileiro. A derrota para o Belgrano garantiu matematicamente a classificação do time argentino no grupo da Sulamericana. Ao Inter resta brigar por pela segunda colocação e pela presença nos jogos eliminatórios contra os times que vierem da Libertadores. Por isso, o foco total e a prioridade é o Campeonato Brasileiro. Onde o começo é bastante promissor. Em 5 jogos, 3 vitórias, 1 empate e só 1 derrota. É bem verdade que o futuro próximo será de grandes dificuldades.
Além do calendário apertado e da logística complexa, desfalques importantes obrigarão o técnico Eduardo Coudet e mexer no time. Já a partir de agora, Rochet, Valência e Borré estarão a serviço de suas seleções. Portanto Alário deve ganhar uma sequência na frente e Fabrício deve ser o goleiro nos próximos jogos.
Municipal. Com a retomada gradual da normalidade, acontece também a volta do futebol amador. O Campeonato Municipal de Vera Cruz teve sequência no último final de semana, com destaque para as vitórias, com goleadas expressivas, do Fortaleza, nas duas categorias. O time está classificado para a próxima fase, que deve começar em breve.
Unico. O final de semana também foi de mais uma vitória do representante de Vera Cruz no União Corinthians. O Liverpool venceu o Kinaco e segue firme, na parte de cima da tabela.
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