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A Geração Z e seus desafios no mercado de trabalho

Publicado em: 01 de maio de 2024 às 10:00 Atualizado em: 01 de maio de 2024 às 15:16
  • Por
    Portal Arauto
  • Mariana e Milena são nativas digitais | Foto: Grupo Arauto
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    Mariana Schneider, 21 anos, e Milena Mueller, 20 anos, integram o setor de Criação de Conteúdos Digitais do Grupo Arauto. Ambas são estudantes de Comunicação Social e pela idade que possuem… bingo: fazem parte da famosa Geração Z. Elas nasceram na era digital e garantem: o trabalho delas só existe por causa da ascensão e da rápida transformação do mundo digital, o que tem tudo a ver com esta geração que se cansa da rotina facilmente, precisa estar em movimento o tempo todo. “Sem tudo isso, acredito que o nosso setor nem existiria ou eu não teria emprego, ainda mais sendo a área que escolhi para crescer profissionalmente. Acho que nossa geração é muito ansiosa e quer tudo para ontem, não temos paciência para dedicar muito tempo para as coisas, os conteúdos que consumimos não podem ser muito longos, pois não conseguimos prestar atenção por muito tempo”, resume Milena. Mas como ponto a favor, acrescenta Mariana, está pertencer a uma geração que sabe se reinventar de muitas maneiras e se molda para encarar novos desafios. Sem raízes.

    As duas jovens estão inseridas no que o professor Dado Schneider, Mestre e Doutor em Comunicação pela PUC/RS, palestrante reconhecido por estudar o comportamento das gerações e o mercado de trabalho, classifica como Geração Z: quem tem entre 10 e 25 anos de idade. Mas é uma geração, diz ele, que tem estendido a adolescência, demorando para entrar no mercado e a pandemia ajudou a complicar esta situação, “porque muitos começaram o estágio online e, cá para nós, começar estágio online é desestimulante”.

    Feitos de material diferente

    O jovem da geração Z é o primeiro feito de um material completamente diferente, atesta Dado Schneider. Como assim? “Os Millennials, há 20 anos, quando começaram a trabalhar, ainda sofriam bastante o impacto da educação que tiveram em casa, que era similar à educação que os seus avós tinham tido. E assim sucessivamente. Já há 20 anos eu dizia para os Millennials, que eram jovens, porque millennial é o termo que se usa para dizer geração Y, os jovens da virada do milênio. Eu dizia para eles: olha, os Millennials são a última geração feita do mesmo material que as gerações anteriores. A geração Z já é feita de outro material, já veio a bordo da internet. E com todas estas inovações que a gente tem hoje, então a geração Z passou a questionar todos os nossos modelos de carreira, essa coisa de fazer poupança, de ter dinheiro para o futuro, eles são completamente diferentes, eles não buscam, ao entrar no mercado de trabalho, as mesmas coisas que as gerações anteriores buscavam”, explica.

    Emocionalmente mais frágeis

    Os empregadores ainda são regidos pela maneira de ser, pensar e agir do século XX. Querem funcionários comprometidos, querem funcionários que vistam a camiseta, que se identifiquem com o que a empresa se propõe, mas os novos entrantes no mercado de trabalho pensam completamente diferente, pensam em equilibrar trabalho e lazer, não serem escravos do trabalho, não necessariamente fazer carreira em lugar algum, e sim ter uma vida cheia de experiências, então há uma dissonância de expectativas e de comportamento. É óbvio que a rotatividade vai aumentar porque os anseios de uma geração completamente diferente das anteriores, como é a geração Z, para com o trabalho e para a vida profissional, são completamente diferentes do que as empresas têm para oferecer. Não tem certo nem errado, não tem melhor ou pior. O que se tem é um cenário completamente diferente, inclusive a literatura mais moderna diz que é importante ter várias experiências diferentes, então aquele senso de pertencimento do passado que levava a pessoa a fazer carreira numa determinada empresa, isso não é que saiu de moda, simplesmente está desaparecendo.”

    Também, o palestrante evidenciou que a geração Z é mais frágil emocionalmente. Inclusive ele estuda a geração que sucede ela, que muitos chamam de geração alfa, mas ele gosta de chamar de geração IA, que está vindo a bordo da inteligência artificial. “Esta geração que passa os dedinhos em todas as telas, inclusive TV aberta, quando entra propaganda eles passam o dedinho, em fotos impressas para ver se amplia. Então, assim, esta geração é completamente diferente, inclusive da geração Z, e a sensação que eu tenho é que pela maneira como os pais estão educando esta geração dos dedinhos, eu prevejo que a Z seja mais frágil emocionalmente, inclusive, que a geração que a sucede. A geração Z é a geração que está sendo criada sem ter dissabores, sem ter senões, sem ter frustrações, então na primeira frustração, no primeiro contratempo no ambiente de trabalho, já taxam qualquer coisa de comportamento tóxico. Não estou criticando nem julgando, apenas estou refletindo o que eu pesquiso, é a geração emocionalmente mais frágil e falta mais ao emprego. Pede para os pais, principalmente a mãe, ligar dizendo que não vai trabalhar, então eu acho que ela é mais imatura”, constata o professor.
    As matérias completas que integram o caderno especial estão na edição impressa do Nosso Jornal.