A Gincana é Municipal só no nome. Faz tempo que vai além de Vera Cruz, ainda que sejam aqui sua base, sua história, suas raízes e sua referência. Mas envolve e atrai, há muito tempo, gente de todas as partes. Alguns saem daqui, mas levam a paixão junto e tentam participar à distância. Outros tratam de voltar quando junho se aproxima. Outros nunca ouviram falar, mas se um conhecido insiste que é importante para uma tarefa, vão lá e fazem, seja foto com faixa, com cartaz, em pórtico, monumento histórico, em vídeo ou com celebridade. Se é gincana e vale ponto, vale tudo. Cada equipe tem suas histórias e esta matéria trará uma de cada, mas que traduz o sentimento de ser gincaneiro.
Marcelo Vollbrecht, Kabonghi
Sua primeira participação efetiva em Gincana foi no ano 1994, pela equipe Aula Evangélica. Nela, permaneceu até 1997, quando virou kabongueiro. “Foram 19 anos de intensas emoções e conflitos até a nossa mudança para a Austrália, em 2006”, diz. “Tento acompanhar as tarefas via internet (quando disponibilizadas) e auxiliar o máximo possível, mas, a distância e o passar do tempo vão tornando as coisas mais difíceis”, pontua. Segundo ele, a gincana hoje, de maneira correta, exige muito conhecimento local, dificultando o auxílio de quem está longe. “Mesmo assim, contribuímos em 2016 enviando uma foto de um ponto turístico fora do Brasil, o que nos trouxe muita alegria e reascendeu a vontade de estar aí”, disse. “A gincana em Vera Cruz é muito mais forte que uma paixão. Participar de um evento em que ninguém dorme direito, todos passam frio, fome, tomam banho de chuva, ficam embarreados até o pescoço, atrás de um bicho qualquer, organizam um desfile, show artístico, brigam com amigos, tudo em três dias, e segunda vão trabalhar já pensando como melhorar para o próximo ano, é um vício”, arremata.
Lívia Luz, Kaimana
Cantora e professora de música de Santa Cruz do Sul, Lívia Luz participou da Gincana pela primeira em 2013, como contratada. Ela integrou a parte artística da Kaimana, no ano em que o tema do desfile contava com as “Porcinas”, de uma novela global. Passaram-se dois anos e Lívia começou a trabalhar em Vera Cruz e a namorar alguém da equipe. “Acabei voltando a participar. Ajudei na parte artística dançando e também cantei durante o desfile. Desde lá, não saí mais e sempre que há alguma tarefa ligada à arte de dançar ou cantar, lá estou, para ajudar de coração a Kaimana”, diz. “Me senti como numa grande família e deixei me contagiar por esta paixão. Mesmo não sendo de Vera Cruz, me sinto como parte da cidade, pois fui muito bem acolhida” frisa ela, que diz ter conhecido muita gente através da Gincana e ser grata a tudo que viveu durante o evento.
Luciana Castro, Largados
A relação Gincana e Luciana Castro iniciou em 2013, a convite de participantes. Naquele ano, ela cuidaria da parte do desfile da Kabonghi. “Lembro como se fosse hoje, pois o que era para ser um trabalho, se tornou uma diversão imensa e ao mesmo tempo cansativa, pois estava grávida e já com uma barriguinha bem pesada”, lembra. Desde então, conta ela, não conseguiu mais sair da gincana. “Todo ano é a mesma história: ‘esse ano não vou’ e quando olho estou dentro, super envolvida pela arte”, comenta. No ano passado, Luciana recebeu o convite para integrar a Largados. “Pela primeira vez me senti parte de uma família e não só um trabalho. Me apaixonei perdidamente pela adrenalina, pela garra e pela equipe. E o que era para ser somente o cuidado com o desfile e carro, virou de tudo um pouco. Dormir?? Impossível. Me sentia como parte deles e precisava ajudar, cumprir tarefas, correr, buscar e telefonar. Entrei de coração com essa galera e este ano estou voltando com mais amor ainda pelo Madruga e essa turma que me fez ver uma vontade absurda de fazer o seu melhor seja como for, mas unidos o tempo todo”, diz.
Gerusa Bittencourt, Los Refugos
Desde o tempo de escola, pela habilidade no atletismo e com a voz, Gerusa era todos os anos convidada a participar da gincana. Mas foi em 2014 que Denis Sander a convenceu a vestir o laranja da Los Refugos. “Comecei a ir a reuniões e me encantei com tudo. Muito amor mesmo”, conta. Morando em Porto Alegre há quatro anos, ela diz sempre se organizar para estar em Vera Cruz no fim de semana da disputa. E só não esteve em toda gincana de 2017, pois tinha plantão - ela é enfermeira. Mesmo assim, ajudou na composição da letra da música que embalou o desfile épico da guerra farroupilha. A adaptação de “Canto Alegretense”, porém, foi entoada por ela no desfile de 20 de setembro, quando a Los passou novamente pela Cláudio Manoel. “Em 2015, 2016 e 2017 também escrevi e cantei”, pontua.
Juliane Griebeler, Selvagens
Juliane é de Santo Ângelo e seu envolvimento com a gincana começou em 2013, quando conheceu Liliana Schlittler, em intercâmbio na Alemanha. “Durante o período em que estávamos lá, ela comentou da gincana e ao longo do ano demonstrava empenho voltado à organização de promoções para equipe, parecia que não tinha como se desligar da Selvagens”, diz. “Com tanta paixão envolvida, resolvi participar presencialmente em 2015. Foi quando senti na pele a emoção tomar conta e consegui compreender o porquê de tanto empenho, mesmo quando a gincana não estava acontecendo”, acrescenta. Nos dias de gincana, frisa ela, a adrenalina toma conta e a energia da cidade contagia. “Nos anos seguintes, não consegui participar presencialmente, mas fiquei muito feliz em contribuir com tarefas à distância, como enviar uma imagem para uma das provas. Apesar de não estar presente, fica o sentimento de torcida pela Selvagens e a empolgação para saber quais são as tarefas, principalmente a temática do desfile. Por sinal, tamanho foi o contágio no ano em que participei que a música da equipe permaneceu em minha cabeça por um longo tempo”, confidencia.
Jardel Carpes, Xiruz
O ingresso na gincana foi por conta da família. Com duas primas e um primo participando ativamente da Xiruz, Jardel diz que era questão de tempo até se envolver. “Se não me engano, a primeira participação foi em 2008, presencialmente. Sempre gostei muito das tarefas de raciocínio, mas a primeira participação no enigma foi o que me deixou apaixonado pela Gincana”, lembra. O maior envolvimento, porém, e os pontos mais altos, lembra ele, foram em 2013 e 2014, com a felicidade do título inédito. “Depois destes anos - e até agora - acabei por morar distante de Vera Cruz e participar da gincana remotamente. De lá para cá, tento ajudar à distância, principalmente nas tarefas-relâmpago de raciocínio e no enigma”, conta ele. “O que me faz querer continuar participando da gincana é ver pessoas se envolvendo de uma forma tão apaixonada, ajudando umas às outras sem esperar nada além da sensação de pertencer a uma equipe que mais parece uma família. É muito bom ver que as pessoas podem trabalhar juntas e felizes, em uma disputa que mais aproxima do que separa todas as equipes e seus integrantes”, finaliza.