Especialista na defesa dos direitos da mulher, Franciele Stadtlober, fala sobre a importância das denúncias e do atendimento das vítimas
No último sábado (28), uma tentativa de feminicídio foi registrada em Venâncio Aires. Vilmar Camargo, de 53 anos, esfaqueou a ex-companheira, de 54 anos, e o filho dela, de 31 anos, por não aceitar o término da relação.
A mulher realizava a mudança para a residência do filho, quando foi surpreendida por Camargo. Após uma discussão, as agressões ocorreram. Depois de golpear os dois, o homem acabou vindo a óbito. As circunstâncias ainda estão sendo apuradas pela Polícia Civil de Venâncio Aires.
Conforme a advogada especialista na defesa dos direitos da mulher, Franciele Stadtlober, a situação é extremamente complicada, uma vez que não há como prever quando um indivíduo chegará às vias de fato, realizando uma agressão ou até mesmo um feminicídio. “É uma questão de saúde pública. É importante [também] pontuar, que cada vez mais a gente percebe esse tipo de situação em que os homens não aceitam o fim da relação e agem com extrema violência”, analisa.
Para ela, esse comportamento precisa ser trabalhado em agressores ou possíveis agressores. No entanto, a advogada salienta que a grande dificuldade é que esses homens se percebam e percebam que essa violência precisa ser trabalhada e olhada de forma atenta. “Essas mulheres querem pôr um ponto final em relacionamentos que, muitas vezes, são abusivos. Mas no início não se percebe essa possível violência futura.”
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A advogada explica que muitos agressores não enxergam as vítimas como pessoas detentoras de direitos, de vontades próprias. Além disso, ela destaca que além da agressão física, há também a psicológica, patrimonial e moral. Entre os sinais que precisam ser observados pela mulher e seus familiares estão, conforme Franciele, o isolamento provocado por esse homem, a saída de um emprego e mudanças bruscas na rotina, questões de ciúmes excessivo, palavras de manipulação e ameaças.
“Também pode ocorrer desse agressor colocar a autoestima dessa mulher para baixo, de que ela não serve para nada, de que ninguém vai querê-la depois do relacionamento caso eles terminem. Eu, com as minhas clientes, consigo perceber que há um roteiro dentro do relacionamento e conforme o tempo vai passando, isso vai piorando”, salienta.
De acordo com Franciele, a medida protetiva é uma ferramenta importante de proteção. Ela salienta que há casos em que mulheres são mortas mesmo nessa circunstância, mas, ainda assim, é preciso compreender a importância da lei. O conselho da advogada para as vítimas que possuem medidas protetivas em vigor é que caso haja descumprimento, isso seja comunicado à polícia. “A cada descumprimento dessa pessoa, desse agressor, é necessário fazer novos registros de ocorrência para que a polícia tenha conhecimento desse descumprimento. Porque a partir do momento que juiz determina a medida protetiva e não vem mais informações, parece que a medida está sendo eficaz.”
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