Havia certa expectativa de que poderia se repetir um aguaceiro tal como há um ano, pois setembro é historicamente lembrado pelas chuvas de “São Miguel”
ENTRE nuvens sinalizando temporais e fumaça dos incêndios do norte e centro do Brasil, o mês de setembro vai se despedindo. Dentro de uma normalidade climática, pode-se dizer, com tempestades isoladas, mas sem extremos. Havia sim, uma certa expectativa de que poderia se repetir um aguaceiro tal como há um ano, e afinal porque setembro é historicamente lembrado pelas chuvas e enchentes de “São Miguel”. De fato, no ano passado aconteceu o primeiro evento climático fora dos padrões estatísticos, quando chuvas torrenciais desabaram na bacia dos rios Antas-Taquari levando de arrasto bairros inteiros de cidades como Muçum, Roca Sales, Cruzeiro do Sul, Arroio do Meio, Santa Teresinha entre outras localidades. O povo gaúcho sensibilizou-se e atendeu ao chamado para um mutirão sem precedentes em socorro a essas comunidades. Aqui da “Villa” grupos de voluntários se mobilizaram e o prefeito Gilson Becker liderou uma campanha para arrecadação de artigos e gêneros de primeira necessidade que foram diretamente encaminhados com caminhões da Prefeitura. Dos palácios e mansões do poder ouviram-se muitas promessas para reconstrução das casas destruídas, cujas famílias ainda estão na espera. Até aqui, só o que se viu foi a intervenção da iniciativa privada construindo pontes e moradias provisórias com a participação do poder público local. De lá para cá, sobrevieram ainda as cheias de novembro e a grande enchente de maio, que superou os níveis históricos de 1941, e cujo impacto ainda estamos tentando entender e nos recuperar.
Entrementes, uma seca sem precedentes assola outras regiões desse país continental, provocando um rastro de queimadas incidentais e incêndios criminosos que ainda estão por ser investigados. O Brasil está em chamas como nunca antes na história desse País, afetando quatro biomas diferentes ao mesmo tempo: Amazônia, Cerrado, Pantanal e produtivas fazendas no interior de São Paulo. Virou fumaça o objetivo do Planalto que pretendia colocar o Brasil como líder mundial na proteção florestal e ambiental. Bombeiros não tem efetivo suficiente e equipamento adequado para combate às chamas em tal dimensão. Diante da falta de plano de ação do governo em lidar com tamanho desastre ambiental, teve até intervenção de ministro do STF, determinando o envio de maiores contingentes de bombeiros, brigadistas e militares para contenção das chamas. Se Brasília e seus ambientalistas de gabinete não conseguem fazer a lição de casa, como o Brasil quer ser líder quando irá sediar a COP30 – Conferência da ONU sobre o Clima, em novembro do ano que vem? Quem vai ser o culpado da vez? Tudo passa pelo arbítrio dos senhores dos anéis que habitualmente deixam de lado a razão para a tomada de decisões de satisfação pessoal em detrimento ao interesse coletivo. A estabilidade climática exige adoção de políticas rígidas de preservação ambiental, fiscalização mais efetiva e punição eficaz para crimes ambientais. Alguém vê uma luz no fim do túnel? Só fumaça, muita fumaça.
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