Diretor técnico da FGDE, Milton Bressler, aponta que atletas brasileiros terão muitas barreiras a enfrentar na competição
A pouco mais de um mês para o Mundial de Eisstocksport em Kapfenberg, na Áustria, os preparativos dos brasileiros para a competição se intensificam. Os treinos ocorrem individualmente, nas canchas dos clubes de cada atleta, enquanto que uma vez por semana o grupo se reúne nas quadras do Centro Cultural 25 de Julho, em Santa Cruz do Sul.
Entre um treino e outro, o coach e diretor técnico da FGDE, Milton Bressler, falou dos desafios que o time brasileiro vai enfrentar nesta sua viagem ao Velho Mundo. Segundo ele – que vai para seu nono Mundial, começou em 2004 em Graz na Áustria -, as barreiras para os brasileiros enfrentarem serão muitas, com destaque para o clima, o pouco tempo para adaptação, as quadras, as acomodações e a estrutura e, é claro, a questão financeira.
“As dificuldades sempre são grandes, mas contamos com o jeitinho brasileiro para nos adaptarmos e dar o melhor possível”, aponta Bressler, ao lado da presidente da FGDE, Márcia Reis.
O clima europeu, que está em um inverno rigoroso, deve ser um dos primeiros entraves para o grupo que embarca dentro de poucos dias para a Europa. Se aqui no Brasil, em especial em Santa Cruz, atualmente, se vive o verão intenso, com termômetros girando próximo a 40 graus, na Áustria os atletas brasileiros irão enfrentar um clima de mais de 10 graus negativos. “É praticamente uma jornada com temperatura que vai dos oito aos 80″, aponta Bressler.
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Ele destaca que a adaptação brasileira em outras edições foi boa, apesar das dificuldades em levar roupas de inverno. “Até nossos calçados precisam ser adaptados para jogarmos no gelo, recebendo uma base diferente, pois nossos tênis não têm garras boas e os atletas podem acabar caindo na pista”, ressalta.
A pista no gelo, aliás, requer também uma atenção especial por parte dos atletas. Se aqui estão acostumados a jogar em quadras de cimento, no Mundial encontrarão uma pista mais escorregadia, lisa, e isso também precisa ser testado e absorvido.
“Sempre temos um pouco de benevolência para podermos treinar um pouco mais em quadras de gelo pela organização do Mundial. Aproveitamos estes espaços a fim de que possamos adequar o nosso jogo. Mas sempre é uma grande dificuldade, especialmente para os mais novos, que vão pela primeira vez. A atenção precisa ser redobrada”, cita o diretor Milton Bressler.
Também conta muito a questão das acomodações de hospedagem e estrutura. Geralmente o Brasil não fica em hotéis próximos as quadras de jogos, optando por albergues ou até mesmo o acolhimento de famílias conhecidas para permanecer durante os dias do Mundial. Assim, a infraestrutura para banho e cama não são as mais adequadas. Também quanto à alimentação não existe uma estrutura por trás, como cozinheiros, por exemplo, sendo que os próprios atletas precisam preparar suas refeições no albergue.
“Enquanto que as seleções da Europa contam com uma estrutura de apoio, nós precisamos nos virar e mesmo assim conseguimos resultados muito favoráveis ao longo da nossa participação. É fruto da nossa persistência e da capacidade de adaptação” , aponta Milton.
Financeiro
A questão financeira também é um fato que influencia diretamente no quesito técnico da Seleção Brasileira. Milton destaca que cada um precisa arcar com os custos de passagem e estadia na Europa – aproximado de R$ 11 a 15 mil, sendo que a Federação arca com a inscrição da equipe e dos atletas.
“Todos se viram como dá. Um ajuda um pouco o outro, os próprios clubes tentam auxiliar. Tem o João Back, do 15 de Agosto, que está lutando com a venda de doces para angariar alguns fundos, que é um exemplo. O próprio Eduardo Schuster que lançou uma rifa para poder bancar sua viagem”, complementa.
E a dificuldade ficou ainda maior a partir da não aprovação de um projeto de captação de recursos via ICMS, via Governo do Estado, que acabou negado pela Secretaria Estadual do Esporte. Seriam recursos na ordem de 180 mil que, se captados, iriam servir para que os brasileiros pudessem bem representar o País na competição. “Mas não podemos baixar a cabeça. Temos que treinar e dar o nosso melhor em mais uma edição. Vai dar tudo certo”, finaliza Milton.
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