O incentivo ao aleitamento materno ganha mais força. Nesta semana, a médica pediatra Clarissa Aires Roza, a vereadora Nicole Weber e o jornalista Pedro Thessing foram acolhidos pela santa-cruzense Danusia Capoani, nutricionista no Hospital Tacchini, em Bento Gonçalves, com o objetivo de buscar informações sobre o modelo de Banco de Leite Materno que existe na instituição para implantar em Santa Cruz do Sul.

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Coube a Danusia explicar o funcionamento do Banco de Leite, que é um estabelecimento dentro do hospital onde é fornecido o leite materno, o principal alimento aos bebês recém nascidos. “A mãe pode vir coletar o leite e nós administramos aos bebês e também recebemos doação de leite materno da comunidade, de mães que são possíveis doadoras. A gente orienta a prioridade ao seu bebê e o excedente a nós, porque estaremos alimentando esses recém-nascidos que estão em uma UTI neonatal com o alimento-ouro, porque tem todos os nutrientes que o bebê precisa receber. Com isso reduzimos várias intercorrências na saúde dos bebês, pois podem nascer com 600 gramas, prematuros ao extremo, com 26, 27 semanas. Recebem quantidade muito pequena desse leite, mas muito valiosa”, resumiu a profissional.

Os benefícios são inúmeros para a saúde do bebê. Danusia citou como exemplo o fato de que no hospital estão há mais de um ano sem casos de enterocolite, uma emergência no trato gastrointestinal do bebê, que é uma das principais complicações que pode levar a óbito a criança na UTI.

Diferente de um posto de coleta, em que a mãe fornece leite para o seu filho, com período curto de conservação e o que excede esse período se descarta, num banco de leite esse alimento é pasteurizado e é possível armazenar por até seis meses. No momento que mãe e bebê têm alta, comentou Danusia, ela pode doar esse leite e ajudar outros bebês internados, então não se despreza esse leite.

Ainda, a nutricionista destacou que qualquer mãe em aleitamento materno pode se tornar doadora, em domicílio, em parceria com algumas entidades que o hospital de Bento Gonçalves firmou. “Estamos trabalhando com a imunidade do bebê: o leite materno salva vidas e reduz uma série de complicações que podemos ter com esses bebezinhos. São benefícios não só na saúde nutricional, mas na dentição, no vínculo e muito mais”, resume ela, lembrando que o Banco de Leite foi inaugurado em maio de 2021, numa parceria com o Rotary Club, que auxiliou com recursos.

Na instituição, as mães têm à disposição equipe 24 horas que realiza orientação, acolhimento, contam com ambulatório e toda assistência com equipe multiprofissional para dar grande suporte para incentivar o aleitamento materno.

Sonho de vida, profissional e como cidadã

Entusiasmada com o que viu e ouviu, a pediatra Clarissa Aires Roza frisou que “é um sonho de vida, profissional e como cidadã”. Ela deseja que os bebês internados tenham acesso ao que há de melhor, e frisou que não existe nada melhor do que o leite materno. Foi através da entrevista sobre o Agosto Dourado na Arauto News, conduzida por Pedro Thessing, que a vereadora Nicole Weber fez o contato para que esse projeto pudesse avançar.

“Uma cidade do porte de Santa Cruz merece que tenhamos um banco de leite humano, que tenha impacto na saúde desses bebês internados. Estou encantada. E ver que isso pode ser realidade na nossa cidade, saber que com meu conhecimento técnico, como especialista em aleitamento materno e consultora internacional de lactação, me dá esse aparato técnico para ajudar numa possível implantação desse projeto, isso me emociona. Sei do impacto que isso vai trazer”, sublinhou a médica. Segundo ela, o leite materno vai além de salvar os bebês na UTI, ele é capaz de atuar numa coisa chamada epigenética, na propensão de doenças para o futuro.

“O Banco de Leite tem o propósito de fornecer o leite para os bebês internados na UTI e UCI, mas também tem propósito de educar em saúde, promoção do aleitamento materno. Com grupos, palestras, jornadas, atraindo a comunidade para a importância e ajudando as mulheres que têm dificuldade, para que ela seja acolhida, orientada, e consiga manter esse aleitamento por mais tempo”, completou Clarissa.

A vereadora Nicole Weber arrematou dizendo que a pauta é indispensável de ser trazida para Santa Cruz. “Nossa mortalidade infantil em Santa Cruz é extremamente alta se comparada a outros municípios”, destacou, questionando se alguma seria evitável a partir de um projeto como esse. Ao ouvir a entrevista na rádio, se interessou muito e buscou ser a ponte entre hospital, médica especialista e novo governo. A parlamentar destacou que já articula a chegada de uma emenda do deputado federal Covatti Filho para o serviço que pode ser instalado em Santa Cruz.

“Acima da prefeitura está a comunidade, e se isso beneficia a comunidade, precisamos viabilizar. Me encantou a forma com que a doutora fala com paixão sobre o tema. Para todas as mães, sabemos da importância do aleitamento para as crianças. E sabemos que muitas mulheres tinham leite excessivo para suas crianças e descartavam, ficavam com pena, não tinha destino”, refletiu ela, projetando um futuro diferente.