Enfermidade integra o Programa Brasil Saudável, que busca eliminar doenças que afetam mais ou somente pessoas em áreas de maior vulnerabilidade social
Neste mês, o Ministério da Saúde promove o Janeiro Roxo, mês que também inclui o Dia Mundial de Enfrentamento da Hanseníase, celebrado no último domingo do mês (26 de janeiro em 2025).
O Brasil ocupa a segunda posição mundial em número de novos casos de hanseníase diagnosticados anualmente. Mesmo com a redução gradual na taxa de detecção ao longo dos anos, os números ainda são expressivos, especialmente em regiões com maior vulnerabilidade social. O país apresentou uma taxa de 10,68 casos por 10 mil habitantes, sendo classificado como de alta endemicidade. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentam os índices mais preocupantes, com alta ou muito alta endemicidade. Em 2023, quase metade dos municípios brasileiros (49,9%) notificaram ao menos um caso da doença.
A campanha deste ano, “Hanseníase, Conhecer e Cuidar, de Janeiro a Janeiro”, tem o objetivo de promover ações contínuas de informação e conscientização sobre a doença ao longo de todo o ano. A iniciativa busca disseminar conhecimento sobre a hanseníase, além de enfrentar os estigmas associados à doença e fomentar o enfrentamento das barreiras sociais que dificultam seu diagnóstico e tratamento, com a ajuda de estados e municípios.
Desafios
Um dos principais desafios no controle da hanseníase é o abandono do tratamento. Entre 2014 e 2023, o Brasil registrou 247,1 mil novos casos de hanseníase, dos quais 6,6% foram encerrados por abandono. Esse índice passou de 4,5% em 2014 para 8% em 2023, um aumento de 78,7%. O abandono compromete a eficácia do tratamento, aumenta o risco de complicações graves, promove a resistência antimicrobiana e perpetua a transmissão da doença.
A Hanseníase integra o Programa Brasil Saudável que tem o objetivo de eliminar doenças determinadas socialmente – isto é, doenças que afetam mais ou somente pessoas em áreas de maior vulnerabilidade social. A iniciativa está alinhada às diretrizes e metas da Agenda 2030 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da Organização das Nações Unidas e à iniciativa da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para a eliminação de doenças nas Américas. Assim, as ações do programa vão além do setor saúde, dialogando com outros setores do governo relacionados à moradia, renda, ao acesso ao saneamento básico e à educação, entre outras políticas públicas.
“Primeira campanha educativa que participei gerou 35% a mais de diagnóstico de casos. Toda vez que há divulgação, há aumento da disseminação da informação e diagnóstico”. Essa é a fala de Maria Leide de Oliveira, médica capixaba que exerceu a profissão por 45 anos, mas continua ativa na causa contra a hanseníase. De acordo com ela, campanhas como o Janeiro Roxo auxiliam não só na divulgação, mas na discussão sobre o assunto, na construção de rodas de conversa e na avaliação de como as informações tem chegado à população.
O que é a Hanseníase?
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pelo Mycobacterium leprae. Sem diagnóstico e tratamento precoces, pode causar deficiências físicas permanentes e exclusão social.
Sintomas comuns:
– Manchas (brancas, avermelhadas ou marrons) com alteração na sensibilidade ao calor, frio, dor ou toque.
– Espessamento de nervos periféricos, causando alterações motoras ou autonômicas.
– Áreas com redução de pelos e suor.
– Formigamento, fisgadas e diminuição de força muscular (principalmente nas extremidades).
– Nódulos dolorosos em casos mais graves.
Transmissão
A hanseníase é transmitida pelas vias aéreas superiores (espirro, tosse ou fala), geralmente após contato prolongado com pacientes não tratados na forma contagiosa (multibacilar). Objetos pessoais não transmitem a doença.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é clínico, com exames dermatológicos e neurológicos. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito com poliquimioterapia (rifampicina, dapsona e clofazimina). O tratamento dura de seis a doze meses, dependendo da forma clínica, e interrompe a transmissão nos primeiros dias de uso.
Notícias relacionadas

A vida que eu não vivi
Bronnie Ware, uma enfermeira que acompanhou pacientes terminais, ouviu confissões que não deveriam ser feitas apenas no fim da linha. Dessa escuta nasceu um livro poderoso: Os Cinco Maiores Arrependimentos de Pacientes Terminais. Cinco frases se repetiam, como um eco…

Uso da IA na educação instiga reflexão em palestra no Seminário de Professores do Colégio Mauá
A palestra que abriu a programação foi do especialista em tecnologias e redes sociais, Juliano Kimura, que falou sobre o uso e impacto da inteligência artificia na sala de aula

Galeto Kurz: o mais famoso – e saudoso – da Villa Thereza
Foi lá que as cerimônias da instalação do município de Vera Cruz ocorreram, em 1959

Acesso Grasel estará bloqueado nesta sexta-feira
Equipes da prefeitura farão limpeza e roçada na via