Envelhecimento associado ao racismo é tema de pesquisa

Na semana em que se celebra o Dia da Consciência Negra, inclusive com o primeiro feriado nacional em alusão à data nesta quarta-feira (20), o programa Direto ao Ponto, da Arauto News, conversou com o psicólogo e mestrando em Desenvolvimento Regional Diorginis Luís Fontoura da Rosa. Sua pesquisa versa sobre envelhecimento e quando olhou de perto a questão junto à população negra, resolveu focar seu estudo.

Diorginis observou que a população, quando passa dos 65 anos, é na maioria formada por brancos. “Difícil dissociar isso do racismo. Nosso país é construído em cima das desigualdades, mesmo após a abolição da escravatura, as desigualdades continuaram de outras formas. Os negros sempre foram colocados mais às margens, vivem em áreas periféricas, empregos com menor salário e mais pesados; difícil aceso à saúde e saneamento básico, ambiente violento que resulta em maior estresse, tudo contribui para que na fase na velhice se tenha dificuldade maior”, reflete. E por isso, aponta o pesquisador, se observa a lacuna, e os brancos têm maior longevidade.

Ao voltar o olhar para Santa Cruz, considerou ainda os traços da imigração alemã e essa influência no envelhecimento também. Na entrevista, Diorginis reflete sobre a marginalização das questões culturais negras, seja em eventos, no comportamento, e o racismo estruturado: “por que precisam provar alguma coisa?”, questiona, como se os negros não pertencessem ao mesmo lugar. Até mesmo na valorização étnica que se dá aos imigrantes, se cultuam as tradições europeias, mas as de origem negra são muitas vezes deixadas de lado.

Todas essas questões que envolvem saúde e diferentes tipos de acesso, na visão do mestrando, se entrelaçam com o racismo e sua pesquisa sobre o reflexo no envelhecimento mais precoce dos negros.